O Carnaval é necessário
Onze da manhã, um abelha passeia com o labrador e cumprimenta uma colombina de uns 70 anos indo comprar pão. Enquanto isso, um grupo de mulheres vestidas de empregadas rumo à Disney segue para o segundo bloco do dia. Tudo isso nos dez minutos em que caminhei pelo bairro da Glória. E isso era só o começo... Pelo segundo ano, eu tive a honra de ser a rainha do bloco do Antônio Carlos, um dos maiores comunicadores desse país. O bloco arrastou multidões pelas ruas! Mais do que me jogar no Carnaval de rua, é a oportunidade de ver o povo em sua essência na rua, o brasileiro descontraído e feliz, não alheio aos problemas do país, mas em trégua, mesmo que por alguns dias, do perrengue que é ser brasileiro. E os blocos de rua do Rio de Janeiro são a representação do que é a alegria estampada do carioca! De cima do trio elétrico, eu observo um povo sofrido, tão maltratado pelos seus governantes a vida inteira, despertando sorrisos, exalando uma felicidade contagiante. Daquelas que chegam a arrepiar! Quanta energia. O Carnaval de rua tem esse poder! De libertar as pessoas de suas máscaras e do seu sofrimento. Mais que um ato político, o Carnaval é um ato de sobrevivência e de resistência! Resistência desse povo que tá ali sempre botando a cara pra bater, levantando a poeira e dando a volta por cima, sem perder a essência de ser o que é! Que energia ter esse contato com os foliões... É algo inexplicável que mostra que o Carnaval não será destruído nunca. O povo não vai permitir... Podem até tentar, mas a galera vai estar sempre de frente, botando o bloco na rua. 3,2,1... É ALEGRIA NA CARA!