Angústia dos rodoviários pesa no bolso
Sindicato alega que empresas não têm condição de manter serviço. SMTR não dará reajuste de tarifa
Diante das dificuldades geradas pelo novo coronavírus, o RioÔnibus afirmou que, sem a ajuda do poder público, as empresas do setor vão parar as atividades a partir desta sexta-feira, dia 27. A entidade informou que, depois da data, não será mais possível arcar com a compra de combustível e o salário dos mais de 26 mil rodoviários do Rio. A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) garantiu que, no momento, não é possível conceder reajuste tarifário.
O presidente do RioÔnibus, Cláudio Callack, não nega a importância das medidas para conter a Covid-19, mas a falta de pessoas na rua preocupa o setor. “Sem passageiro na rua não tem receita necessária para o funcionamento do serviço. Atualmente, mesmo sem receita, estamos trabalhando”, afirmou. Na terça-feira, houve redução de quase 80% da demanda e a frota foi reduzida à metade. Ontem, o cenário piorou e as empresas atenderam apenas um décimo da demanda.
Ontem, Callack encaminhou vídeo ao O DIA e pediu apoio do poder público para manter o funcionamento dos ônibus. A urgência do pedido leva em consideração a folha de pagamento dos funcionários. Segundo ele, a entidade deseja “dar tranquilidade para toda a população e conseguir pagar o rodoviário”.
Em nota, a SMTR afirmou que, no momento, não é possível conceder reajuste tarifário para ônibus municipais. A pasta informou que mantém canal aberto com o RioÔnibus. A SMTR acrescentou que “já permitiu diversas concessões ao sis
Sem passageiro na rua não tem receita necessária para o serviço”
tema para que se adeque à realidade do combate ao vírus”. O presidente do RioÔnibus, porém, negou ter conhecimento das medidas.
TENTATIVA DE NEGOCIAÇÃO
Para os rodoviários, a situação é desesperadora. Com a incerteza sobre a manutenção do emprego, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José, encaminhou, ontem, um ofício para garantir negociação entre os funcionários,
RioÔnibus e representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário.
“A prefeitura precisa se envolver para não ter um caos no transporte. É uma situação de emergência e tem que haver uma solução que garanta o sustento dos profissionais e que a gente consiga garantir à população o transporte”, afirmou Sebastião.
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Para os rodoviários, a suspensão das atividades não é a única dificuldade enfrentada na crise da Covid-19. De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José, o RioÔnibus não cumpriu com as determinações do acordo firmado com o presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus, Cláudio Callack, para minimizar os danos para os funcionários do setor.
O acordo previa o adiantamento de 40% do salário dos rodoviários, mas Sebastião afirmou que receberam apenas metade da quantia. Além disso, a resolução também garante queosprofissionaisdosetorficarão dispensados do trabalho, no máximo,dezdiaspormêsdevido aosistemaderodízio,masasempresasdevempagaroproporcional pelos dias trabalhados. Os rodoviários continuarão a receber cesta básica, vale alimentação e o auxílio transporte previstos em lei durante os 30 dias do mês, sem nenhum desconto.