Cosan é acusada de ter pago R$300 milhões de propina ao PT
Delação de Antonio Palocci cita Rubens Ometto como empresário ‘agressivo’ que transferiu dinheiro sujo ao partido
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que já foi um dos principais nomes do Partido dos Trabalhadores, acusa o bilionário Rubens Ometto, dono da Cosan e “manda-chuva” da Raízen ( joint venture entre a Cosan e a Shell), de pagar propina de R$ 300 milhões ao PT em troca de ajuda na aprovação da Medida Provisória 460, de 2009, que estendia o crédito para pagamento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nas operações de exportação por 19 anos. Em vez de cessar em 1983 teria seus efeitos prorrogados até 2002.
Palocci já foi um dos homens mais poderosos do país e mantinha canal direto com os principais empresários e com a cúpula dos partidos políticos. Ele foi preso na Operação Lava Jato em setembro de 2016 por corrupção e lavagem de dinheiro. No fim de 2018, deixou a cadeia para cumprir prisão domiciliar após negociar um dos mais extensos acordos de delação premiada já feitos com a Polícia Federal (PF).
Em um dos capítulos de sua delação, o ex-ministro afirma que Ometto é um empresário “agressivo” que exercia o protagonismo na negociação da MP 460, disposto a dar dinheiro “sem limites” a ele e a Guido Mantega (ministro que o substituiu). Segundo Palocci, o empresário estava empenhado na causa porque a aprovação da MP livraria a Cosan e outras grandes empresas de uma dívida de R$ 200 bilhões. “Porque, afinal de contas, quando a conversa é ‘me livre de 200 bi de dívida’, não há teto que limite o valor da vantagem indevida oferecida”, afirmou Palocci.
O que chamou a atenção: a MP 460 tratava do programa Minha Casa Minha Vida e a extensão do “crédito-prêmio de IPI” seria inserido nesta MP para despistar. O ex-ministro afirma que essa emenda à MP 460 era chamada de “Meu Jato, Minha Vida” justamente por beneficiar apenas magnatas do setor, como Ometto.
Os valores de R$ 200 bilhões eram tão astronômicos que o próprio Palocci sugeriu que o ex-presidente Lula não levasse a medida adiante, pois seria muito arriscado e “daria o que falar”. Mesmo contra a posição inicial de Palocci, a emenda do crédito-prêmio foi aprovada na Câmara dos Deputados.
Todos os fatos descritos por Palocci são corroborados em e-mails disparados por Marcelo Odebrecht.
Pagamento teria como finalidade a aprovação da Medida Provisória 460, favorável ao setor, em 2009