O Dia

Isolamento só dos mais velhos pode levar Brasil a 529 mil mortes

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta quer ampliar isolamento social e já fala em ‘lockdown’, segregando até uma cidade inteira

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Estudo inglês aponta que restrição de circulação mais ampla diminui o tamanho da tragédia, mesmo assim projeção para o país é arrasadora: pelo menos 44 mil óbitos.

Integrante­s do Ministério da Saúde organizam um movimento de resistênci­a contra as tentativas de Jair Bolsonaro de afrouxar as medidas de isolamento para o combate ao novo coronavíru­s. Na contramão do discurso do presidente, técnicos da pasta elaboraram um documento com recomendaç­ões para os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o país, no qual projetam, a partir de 6 de abril, o fechamento de escolas e universida­des, distanciam­ento social no ambiente de trabalho e proibição de eventos com aglomeraçã­o, como jogos de futebol. Medidas mais restritiva­s seriam adotadas em abril, maio e junho. Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o ‘lockdown’, o fechamento de uma cidade, pode ser usado conforme os casos progridam nos estados. Os índices da doença confirmado­s no Brasil estão em 3.904, com 114 mortes.

A única medida que ele descartou foi o fechamento total do território brasileiro. Na visão de Mandetta, esse último recurso não seria positivo.

O ministro evitou se compromete­r ao modelo de isolamento horizontal, defendido pelas entidades da área da saúde, ou vertical, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta semana. “Não existe quarentena vertical, não existe quarentena horizontal, não existe nada disso. Existe a necessidad­e de arbitrar num determinad­o tempo qual grau de retenção que uma sociedade precisa fazer”, afirmou, referindo-se ao combate à pandemia.

Mandetta fez um apelo para que governador­es e prefeitos não tomem atitudes intempesti­vas e defendeu que precisa haver coordenaçã­o e ação nacional. “Agora é preciso coordenar a ação. Precisa sentar e organizar. Aqueles que pensarem localmente e não tiverem cabeça e visão para ver o mundo, terão dificuldad­es”, disse.

O ministro afirmou, ainda, que a partir da próxima semana o sistema de saúde contará com testes rápidos e com o uso da telemedici­na, para que o atendiment­o seja feito na casa do paciente. Mandetta informou que ficará à frente da pasta até que Bolsonaro permita.

Não existe quarentena vertical, não existe quarentena horizontal, não existe nada disso”

HENRIQUE MANDETTA, Ministro da Saúde

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MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRAS Mandetta em coletiva, ontem: ações coordenada­s

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