Isolamento vertical na berlinda
Especialistas alertam para o risco de o Brasil adotar modelo de recolhimento só de grupos de riscos
Acrise do coronavírus levou a maioria dos estados a adotar medidas para diminuir o aumento dos casos. A principal delas é o isolamento horizontal, com todos os indivíduos dentro de casa — só podem quem trabalha em serviços essenciais. Entretanto, o Ministério da Saúde, desde a última semana, tem pregado posições dúbias, ora defendendo o recolhimento total, ora a quarentena vertical — somente para grupos de risco. Esta última posição é questionada por especialistas.
Médico do Hospital Universitário da UFRJ, Alberto Chebabo explica que, diferentemente do isolamento horizontal, O recolhimento vertical — para grupo de risco, como idosos com 60 anos ou mais, hipertensos, diabéticos e aqueles com insuficiência renal, doença respiratória crônica ou cardiovascular —, não é eficaz.
“Filhos e netos vão contaminar o grupo de risco por estarem com atividades normais e expostos ao vírus. O Brasil não tem sistema de Saúde capaz de atender a todos os pacientes, que serão muito maior devido à exposição”, explicou.
O infectologista Marcos Lago não nega a eficácia do modelo para doenças com transmissão controladas, mas para a Covid-19 recomenda-se manter o isolamento social. Segundo ele, com a troca agora, em pouco mais de um mês, o país teria mais de 100 mil casos confirmados, seguindo a curva de infectados da Itália.
“O Brasil está num momento especial. Apesar de já ter hospitais cheios no Rio e São Paulo, consegue segurar a explosão para evitar que chegue a mais cidades. Se quebrar o isolamento, temo que o contágio comece a entrar pelo país”, afirmou.