Falta de material bloqueia quase 2 mil leitos na capital
Ausência de insumos, como macas, e de profissionais de saúde impede utilização de vagas em vários hospitais.
Acrise do novo coronavírus, com a consequente decisão de abrir leitos em hospitais de campanha, realça uma triste realidade nos hospitais da rede pública: a falta de leitos. Atualmente, quase 19% das vagas da capital fluminense estão fechadas, representando um total de 1.865 leitos. Levantamento feito por O DIA, com base nos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do dia 30 de março, mostra que, na esfera federal, a situação é mais grave no Hospital de Bonsucesso (HFB), onde 62% dos leitos estão inutilizados, justamente numa unidade que deverá receber pacientes da Covid-19.
Das 9.901 vagas oferecidas pelas esferas federal, estadual e municipal, mais da metade (53%) dos leitos disponíveis está ocupada. Uma preocupação a mais, já que, segundo especialistas, o pico de transmissão da Covid-19 será entre abril e maio. “Uma grande parte (dos leitos) está fechada por falta de recursos humanos ou de insumos”, afirma o médico sanitarista da Fiocruz Daniel Soranz. “É preciso recompor o quadro de profissionais e de insumos para ampliar o atendimento a infectados e também a outros pacientes”, adverte.
Para Soranz, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, que suspendeu as cirurgias eletivas, poderia servir aos doentes que precisarão de internação: “A unidade tem até 200 leitos disponíveis”.
Na rede municipal, a falta de leitos no Hospital Paulino Werneck, na Ilha do Governador, chama atenção. De acordo com o levantamento, dos 30 leitos, nenhum está em operação. Já na rede estadual, no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, dos 163 leitos, 51 se encontram fechados (31%). A unidade tem uma demanda grande e, segundo os dados, das 112 vagas restantes, todas estão ocupadas. Há sinal de alerta também no Hospital Federal da Lagoa: das 255 vagas, 152 estão desativadas (60%).
É preciso recompor o quadro para ampliar o atendimento a infectados e também a outros pacientes”
DANIEL SORANZ, Médico sanitarista da Fiocruz