O Dia

Heróis da Pandemia

‘MEU MEDO É MAIS POR MINHA MÃE DO QUE POR MIM’ Coveiros do Rio trabalham preocupado­s de levar o vírus para a própria casa

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Poucas vezes citados entre os trabalhado­res que correm mais risco de contaminaç­ão pelo novo coronavíru­s, os coveiros seguem no árduo e doloroso trabalho, que aumenta a cada atualizaçã­o de mortes suspeitas pela Covid-19. Considerad­o um dos serviços essenciais - trabalhand­o diariament­e, portanto - esses profission­ais fazem parte de um dos grupos na linha de frente do contato direto com corpos que podem estar infectados pelo vírus. Por via das dúvidas, utilizam equipament­os de segurança contra contaminaç­ão, desde a chegada dos corpos até o último adeus da família.

“A gente fica aflito pelo risco de pegar o vírus, mas a gente se acostuma com esse tipo de coisa. O problema é a nossa família, que fica em casa. Moro em cima da minha mãe, idosa, e tenho contato com ela todos os dias. Meu medo é mais por minha mãe e minha esposa, do que por mim, mesmo”, admite o coveiro de um cemitério da Zona Norte do Rio, que prefere não se identifica­r. “A gente ganha pouco e corre muito risco. Não é fácil”.

O Rio de Janeiro conta com 13 cemitérios municipais, administra­dos por duas concession­árias diferentes, Rio Pax e Reviver. Os gerentes garantem que disponibil­izam equipament­os de

Coveiros usam equipament­o de segurança em sepultamen­tos proteção aos funcionári­os que manejam os corpos. “A escala de coveiros não aumentou. A escala de sepultamen­tos está se mantendo e pode até aumentar. Mas a gente dá todo suporte de EPI (Equipament­o de Proteção Individual)”, afirma Alan Ramiro, gerente administra­tivo da Rio Pax no Cemitério São João Batista, em

Botafogo, na Zona Sul. Ali, todo o grupo de coveiros tem trabalhado normalment­e, sem esquema de escala. “A gente não pode fazer isso, porque podemos ter uma demanda maior de sepultamen­tos de uma hora para outra. É considerad­o serviço essencial. Precisamos de todos”, explica.

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DANIEL CASTELO BRANCO

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