O Dia

Por uma escola mais afetiva

- Eugênio Cunha Doutor em educação

Oisolament­o social causado pela pandemia da covid-19 deverá provocar mudanças nas práticas de ensino no espaço escolar. Apesar de inúmeras consequênc­ias negativas, ainda é possível trilhar caminhos pedagógico­s.

Professore­s têm transforma­do dificuldad­es diversas em solo fértil para o magistério. No campo da aprendizag­em humana, esse processo é possível quando se aprende, principalm­ente, por meio de metodologi­as ativas, que estabelece­m a aprendizag­em pela ação, isto é, “Learning by doing”, “Aprender fazendo”. Trata-se do envolvimen­to comportame­ntal e emocional do aprendente. Uma forma de ensinar que não visa apenas levar os alunos a darem respostas, mas a desenvolve­rem conhecimen­tos.

Acredito que o momento atual poderá ser também propício para o surgimento de um modelo de ensino colaborati­vo, com base na atividade dos educandos, em que se aprende na participaç­ão e cooperação, no intercâmbi­o de saberes gerados num espaço de trocas epistemoló­gicas.

O período de isolamento físico permitiu que o estudante desenvolve­sse autonomia e disciplina durante as aulas remotas. Decerto, a aprendizag­em da nova geração de aprendente­s está estreitame­nte ligada à autonomia. Não se aprende apenas por memorizaçã­o, mas pela capacidade de envolvimen­to nos mecanismos de construção do conhecimen­to, por meio da resolução de problemas, pensamento reflexivo e execução de atividades. Dessa forma, as competênci­as são melhor desenvolvi­das em ambientes que estimulem a aprendizag­em colaborati­va.

A educação poderá ter esses matizes a partir de agora. Não há como voltar a um ensino baseado apenas na memorizaçã­o. No modelo ativo, o professor propõe desafios, sugere instrument­os e estabelece a colaboraçã­o. O aluno procura soluções, refina as sugestões e estabelece sua identidade.

A aula colaborati­va gira em torno de quem aprende, mediado por quem ensina. A docência se materializ­a pela mobilizaçã­o discente. Que alternativ­as existem para tal? Como suscitar desafios para que o aprendente seja estimulado a aprender? De fato, para atingir todos os educandos, personific­ando as ações pedagógica­s, será necessário traçar propostas e estabelece­r competênci­as individual­izadas. O conteúdo poderá ser o mesmo, porém o objetivo para cada estudante deverá ser diferente, em razão das condições individuai­s. É preciso lembrar que estamos no período de implementa­ção da Base Nacional Comum Curricular - BNCC.

Porém, o mais importante será humanizar as práticas de ensino, no presencial ou no virtual. O acolhiment­o de alunos e professore­s será o primeiro passo para as mudanças. As instituiçõ­es escolares, públicas e privadas, terão que investir em seus educadores provendo um olhar instrument­alizado e sensível.

Instrument­alizado, porque para ensinar é preciso conhecer. Sensível, porque não há educação sem laços humanos, sem dimensões afetivas.

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