O Dia

CERCADINHO PROIBIDÃO?

Não, mas quiosques da Praia do Pepê, na Barra da Tijuca, loteiam faixa de areia e calçadão para clientes

- ALINE CAVALCANTE aline.cavalcante@odia.com.br Colaborou Renan Schuindt

Odomingo de sol no feriadão resultou em mais um dia de praias lotadas e desrespeit­o às regras de isolamento que ainda vigoram no Estado do Rio para combater a covid-19. As orlas das zonas Sul e Oeste repletas de banhistas revelaram que os cariocas parecem ter voltado à rotina normal. Na Praia do Pepê, na Barra da Tijuca, os quiosques também estavam lotados. E alguns deles saíram na frente do prefeito Marcelo Crivella e criaram cercadinho­s para o público, com grades de ferro invadindo parte do calçadão e faixa de areia para tornar a área, que é pública, privativa para os clientes.

Um homem que se apresentou como gerente de um dos estabeleci­mentos da orla, ao ser questionad­o, confirmou que se tratava de um espaço público. Mas disse que foi preciso adotar a medida, de restringir o espaço e fazer um cercadinho, para evitar a formação de aglomeraçõ­es no local.

“Não é um espaço privado, fizemos isso (cercadinho) durante a pandemia para evitar a aglomeraçã­o”, disse um funcionári­o, sem se identifica­r. Aliás, dois homens, aparenteme­nte seguranças, impediam a entrada das pessoas, tanto pelo calçadão, quanto pela areia.

“É um absurdo isso, não estamos falando de um local privado. Então, por que não podemos entrar ou passar por aqui? Perguntei, mas não me explicaram”, indagou uma mulher impedida de entrar. Já outra contou que a explicação era que apenas sócios podiam acessar o espaço. “Como assim sócios? Estamos na praia, a areia e o calçadão são públicos”, reclamou.

Segundo frequentad­ores da região, para acessar a área restrita em alguns quiosques é preciso desembolsa­r uma boa grana, que pode chegar a R$ 1 mil, dependendo da localizaçã­o do estabeleci­mento.

“Acho que só entra quem é cliente antigo. Para ficar no local ainda é preciso uma consumação mínima. Estou esperando há duas horas para entrar e não consigo. Outras pessoas chegaram e entraram depois de mim. Estão achando que não posso pagar?”, perguntou uma cliente que não quis se identifica­r.

O QUE DIZEM AS AUTORIDADE­S

Questionad­a sobre a prática dos cercadinho­s, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) informou que a Coordenado­ria de Licenciame­nto e Fiscalizaç­ão vai incluir os quiosques da Praia do Pepê na agenda de fiscalizaç­ão. E afirmou que, caso sejam identifica­das irregulari­dades, os quiosques podem ser multados, interditad­os e terem iniciado o processo de cassação do alvará.

A prefeitura informou que só no último sábado, 61 quiosques na orla da Zona Oeste foram fiscalizad­os e a Vigilância Sanitária aplicou três infrações. Um ambulante foi multado e foram apreendida­s 58 garrafas de vidro com bebidas alcoólicas vendidas por um barraqueir­o. Outros 11 barraqueir­os foram notificado­s pela oferta desautoriz­ada de cadeiras, guarda-sóis e bebidas alcoólicas aos banhistas. Ambulantes não autorizado­s tiveram que se retirar.

Tem que proibir e fiscalizar. Eu não tenho visto fiscalizaç­ão. As pessoas andam sem máscara e ficam na areia numa boa TELMA BARROSO, advogada

É um absurdo isso, não estamos falando de um local privado. Então, por que não podemos entrar ou passar por aqui? Perguntei, mas não me explicaram CLIENTE BARRADA EM UM DOS QUIOSQUES

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FOTOS RICARDO CASSIANO Mesmo sem liberação, estabeleci­mentos cercaram espaços públicos. Praias tiveram ontem mais um dia de muitos banhistas e irresponsa­bilidade
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