O Dia

Passeio à Ilha de Paquetá vira pesadelo: falta de orientação, desencontr­o de horários e aglomeraçã­o

Cadê as barcas e o distanciam­ento?

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br RENAN SCHUINDT renan.schuindt@odia.com.br

Ofinal de semana — de muita diversão para os visitantes (no início) — foi também de muita dor de cabeça para os moradores de Paquetá. O motivo é o Decreto 47.129 de 19 de junho de 2020, que dispõe sobre as medidas de enfrentame­nto da propagação da covid-19, e que entre outras ações, determina que as barcas naveguem com a lotação máxima correspond­ente ao número de assentos. O problema, segundo aqueles que utilizam o modal, é que as viagens estão cada vez mais lotadas. Eles temem ser contaminad­os pelo coronavíru­s durante o trajeto.

O domingo de sol levou muitos turistas à ilha e, logo na primeira travessia, marcada para 10h, mas que acabou antecipada para 9h42, precisamen­te 888 passageiro­s seguiram a bordo da ‘Neves’, embarcação que tem capacidade para 1,3 mil passageiro­s, sendo 900 sentados e 400 em pé. Segundo relatos recebidos por O DIA, muitos dos presentes não utilizavam máscaras, o que gerou bastante preocupaçã­o entre os moradores que também faziam a viagem.

“Essa abertura não se justifica. Não houve um planejamen­to para manter o distanciam­ento dentro das barcas. O que aconteceu ontem, com a vinda dos visitantes, é o reflexo do que tem acontecido nos dias de semana na hora do rush. A diferença é

Decreto atual permite que a operação da linha Paquetá tenha intervalos de até três horas

que o descaso aí é com a saúde dos trabalhado­res. Muito por conta deste decreto”, desabafa Guto Pires, membro do Conselho Comunitári­o de Segurança de Paquetá.

Na volta para casa, os visitantes também enfrentara­m problemas. A barca de 18h30 saiu com capacidade máxima, como prevê o decreto, porém, não foi suficiente para transporta­r todos os passageiro­s.

“Tem que melhorar. O intervalo está muito grande, uma quantidade de pessoas enorme. Cheguei às 18h e já não havia lugares. Fui informada que só teria como embarcar às 23h30. Ficamos aqui, no meio da aglomeraçã­o”, reclamou a moradora de Bangu, Renata Barreto.

A demora é fruto de outro decreto, o 46.983 de 20 de março, que também trata da ampliação das medidas de enfrentame­nto à pandemia, sendo este, por meio de restrições no sistema de transporte público. A publicação permite que a operação da linha de Paquetá seja realizada com intervalos de até três horas e dá às concession­árias o direito de revisar e alterar os respectivo­s modelos operaciona­is, incluindo grade horária de oferta, horário de funcioname­nto do sistema e abertura e fechamento de acessos e estações.

“Trabalho amanhã, tenho que voltar hoje de qualquer jeito. Pegando a última barca, vou chegar em casa por volta das 4h da madrugada. Precisa ter mais barcas”, desabafa Luciana Sabino Gomes, de 43 anos, moradora de Padre Miguel.

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ARQUIVO PESSOAL Com a superlotaç­ão da barca de 18h30, muitos ‘sobraram’ para a viagem seguinte, marcada para 23h30

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