Simbolismo da primeira universidade do Brasil é contado por quem encontrou lá seu lugar no mundo
Conquistas e afetos que firmam os alicerces da centenária UFRJ
Na Roma Antiga, Minerva era símbolo de sabedoria. Milênios depois, a deusa romana ganha novo simbolismo: a esperança. Dentro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os mais de 50 mil alunos garantem que estão sob a proteção dela. Afinal, no centenário da instituição universitária — a mais antiga do Brasil —, estudantes dos diversos cursos reverenciam a divindade pelo histórico saber e a capacidade de oferecer o otimismo de dias melhores.
No Museu Nacional, o crânio humano mais antigo; na Coppe, um dos mais profundos tanques oceânicos do mundo; no Hospital do Fundão, atendimento a milhões de cariocas há mais de 40 anos. Apesar da grande diversidade, a UFRJ é composta, acima de tudo, pelas histórias de quem vê na instituição um espaço para chamar de seu.
Sonho de Clarissa Machado, estudante de Jornalismo. Filha de pai e mãe nordestinos, que vieram para o Rio em busca de uma vida melhor. Apesar da mãe ter interrompido o Ensino Médio, educação sempre foi o norte da família, que queria, a todo custo, colocar a filha na faculdade.
Ainda no Ensino Médio, seu caminho se entrelaça com o da UFRJ pela primeira vez com a iniciação científica no Museu Nacional. A segunda vez chegou em 2017. “O que pesou foi a sensação de que todo o esforço que meus pais fizeram a vida inteira teve resultado. A felicidade que eu vi na minha mãe, que deu o sangue dela mesmo sem ter tido o ensino até o final”, comenta.
Oportunidade de Gustavo Lima, estudante de Engenharia Naval. Nascido e criado em Nova Iguaçu, o filho de cabeleireira e porteiro penou em escola estadual que mal tinha aulas de Física, mas não deixou de sonhar com a UFRJ. Enfiado nos livros desde cedo, a resposta finalmente chegou, e ele descobriu na UFRJ autonomia e espírito de equipe.
A cota ajuda muito a aumentar a diversidade dentro da universidade, são grandes vivências que contribuem MATHEUS AZEVEDO, estudante de Economia
SUPERAÇÃO
Agora, Gustavo sai direto de Nova Iguaçu para a França. “Tenho rendimentos relativamente bons e consegui ver a vaga de duplo diploma na França. Estou terminando meu estágio na Noruega e volto para a França”, afirma, orgulhoso.
Diversidade para Matheus Azevedo, estudante de Economia. Nascido e criado em Jacarepaguá, cursou o Ensino Médio no IFRJ do Maracanã, na Zona Norte. O primeiro encontro com a UFRJ foi desacertado, o curso de Química Industrial. Estudou novamente e o encanto se firmou quando ingressou em Economia. “Acho que é incrível porque, além de fornecer conhecimento para os alunos, é oportunidade de estar em um lugar que vai agregar muito”, afirma.