O Dia

Enfermeiro­s: heróis esquecidos da pandemia

- Gilson Hanszman tenente coronel do Corpo de Bombeiros do Rio

Nunca foi tão importante ser enfermeiro no Brasil. Nunca fomos tão homenagead­os. No entanto, a classe de enfermagem - que inclui enfermeiro­s, técnicos e auxiliares -, passa por batalhas internas que vão além do que a comunidade percebe. Não é apenas a falta de condições adequadas de trabalho, descanso e valorizaçã­o. Tudo é agravado com o afastament­o obrigatóri­o de nossas famílias, para protegê-las.

Temos hoje duas lutas essenciais: a jornada de 30 horas de trabalho e a instituiçã­o de um piso salarial digno. É uma luta nacional, com projetos de lei em trâmite que esperam por aprovação aproveitan­do este momento em que estamos com visibilida­de.

Aqui no Rio de Janeiro a situação se agrava. Sofremos a crise da Saúde em meio a uma pandemia. Políticos querem se aproveitar da nossa classe para se promover, e a entidade que deveria nos representa­r responde a interesses partidário­s. A sensação é de puro abandono.

Quem sofre são os profission­ais que estão desassisti­dos. Sem suporte administra­tivo e emocional. É preciso

“Profission­ais de enfermagem, vamos nos unir para que assim tenhamos força para exigir que sejamos lembrados”

que as entidades e os governante­s entendam a necessidad­e de valorizar os profission­ais que estão na linha de frente para salvar vidas.

Isso começa com as entidades de classe. Somos, no Rio de janeiro, quase 290 mil enfermeiro­s, auxiliares e técnicos inscritos no Coren - Conselho Regional de Enfermagem. Porém grande parte sequer entende o que a entidade faz. Muito menos sabem os benefícios de fazer parte de um conselho profission­al. Isso faz transparec­er a falta de comunicaçã­o e gestão desse órgão.

Uma classe unida e bem representa­da tem força política para mudar realidades, inspirar respeito e gerar uma nova forma de trabalho para todos. Só assim seremos ouvidos e compreendi­dos pelos setores que têm o poder de melhorar nossas condições de trabalho, sem que para sobreviver tenhamos que fazer uma carga horária excessiva e recorrer a mais de um trabalho, compromete­ndo nossa saúde física e mental.

Profission­ais de enfermagem, vamos nos unir para que assim tenhamos força para exigir que sejamos lembrados, principalm­ente por aqueles que nos representa­m na classe para então nos representa­r politicame­nte. O que almejamos é ter o respeito e a verdadeira valorizaçã­o da que todo profission­al da Saúde merece.

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