O Dia

Débitos já autuados pela Receita também serão anistiados se a lei for sancionada até sexta-feira

Perdão de R$ 1 bilhão em dívidas de igrejas nas mãos de Bolsonaro

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Menos R$ 1 bilhão no cofre do governo, este é o valor da dívida tributária das igrejas evangélica­s que o Congresso quer perdoar. A decisão está nas mãos do presidente Jair Bolsonaro, que tem até sexta-feira para vetar ou não a lei. A equipe econômica não dá aval para o perdão, mas a bancada evangélica - base de Bolsonaro - pressiona para o Leão não dar essa mordida.

Caso o presidente Bolsonaro não sancione a lei, a bancada evangélica pode derrubar o veto presidenci­al. Hoje são necessário­s 257 votos de deputados e de 41 senadores para derrubar um veto. Somente a bancada evangélica, principal beneficiad­a pela lei, tem 195 deputados e oito senadores. “É um jogo de cartas marcadas: o presidente pode muito bem vetar a lei e fazer um acordo com o Centrão e eles derrubarem o veto para evitar um desgaste político neste momento”, avalia o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), Mauro Silva.

Silva chama atenção para a inconstitu­cionalidad­e da lei aprovada no Congresso: “O perdão de dívidas já autuadas pela Receita entrou como um ‘jabuti’ na lei que discutia precatório­s e foi aprovada pelo Congresso. Um assunto nada tinha a ver com o outro”, adverte. E alerta para outro ponto: “Os parlamenta­res aprovaram a retroativi­dade da lei. Ou seja, dívidas anteriores também serão perdoadas”.

EMENDA ‘JABUTI’

O deputado federal David Soares, filho de R.R. Soares, foi autor da emenda que introduziu,

Hoje são necessário­s 257 votos de deputados e de 41 senadores para derrubar um veto

durante a votação na Câmara dos Deputados, o perdão que pode beneficiar a Igreja Internacio­nal da Graça de Deus, fundada pelo pai. A instituiçã­o tem R$ 144 milhões inscritos na Dívida Ativa da União, além de outros débitos milionário­s ainda em fase de cobrança administra­tiva pela Receita.

“A anistia às dívidas vai fazer faltar recursos, principalm­ente, para a seguridade social”, alerta Mauro Silva.

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CAROLINA ANTUNES/PR Bolsonaro e R.R. Soares, fundador da Igreja Igreja Internacio­nal da Graça de Deus, que acumula R$ 144 milhões em débitos na Dívida Ativa

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