POLICIAL SEQUESTRA E ASSASSINA NAMORADA EM CAMPUS DE UNIVERSIDADE
Após sequestro, crime de feminicídio aconteceu em pleno campus do Centro Universitário de Valença
Mais um caso de feminicídio choca o Rio. Depois ser ter sido sequestrada ontem, a estudante Mayara Pereira de Oliveira Fernandes, 31 anos, foi assassinada pelo namorado, o PM Janitom Celso Rosa Amorim, 39, com um tiro no rosto. O crime aconteceu no Centro Universitário de Valença, interior do estado.
Por volta das 10h30, funcionários da instituição perceberam discussão no estacionamento e chamaram a polícia quando viram que o homem estava armado. Segundo testemunhas, o PM agrediu várias vezes a refém dentro do carro e avisou que a mataria e cometeria suicídio. Janitom teria sinalizado portar granada, o que pode ter evitado que atiradores posicionados estrategicamente à distância não atiraram nele. Após resistir, o assassino aceitou a aproximação da polícia para negociar, mas acabou atirando no rosto da vítima em momento que helicóptero do Bope sobrevoava o local. Mayara foi resgatada pelo Samu e levada ao Hospital Escola, enquanto a polícia algemava Janitom. Houve dificuldade para os agentes saírem com o sequestrador do campus porque algumas pessoas queriam linchá-lo. Ele foi levado à 91ª DP.
A jovem foi socorrida, mas após quatro paradas cardíacas, morreu no hospital. Ela, que é de Volta Redonda, fazia curso de pós em Odontologia. “Vivenciamos um trágico e absurdo caso de feminicídio em nosso campus. Um acontecimento inesperado em uma cidade tão tranquila quanto Valença, mas que infelizmente reflete um cenário nacional de violência contra a mulher”, divulgou a instituição em nota.
A PM informou que o assassino vai responder pelo crime nas esferas civil e militar e repudiou “com veemência a atitude do policial”, solidarizando-se com a família da vítima.
Dados do primeiro semestre deste ano mostram crescimento de 1,9% nos casos de feminicídio em comparação com o mesmo período de 2019. Segundo o Anuário de Segurança Pública divulgado em outubro, 648 mulheres foram assassinadas em crimes de ódio por gênero de janeiro a junho de 2020. Em 2019, 1.326 mulheres foram vítimas de feminicídio, número 7,1% maior do que em 2018. E que 89,9% dos crimes foram cometidos por companheiro ou ex. Mais de 66% das vítimas eram negras.