PLANOS QUE NãO FORAM CUMPRIDOS
De todas as propostas registradas no TSE em 2016, Marcelo Crivella concluiu somente 20% do total
Hoje é dia de votar, de escolher o administrador da cidade. Nessa reta final os ânimos estavam bem acirrados, troca de acusações eram mais comuns que apresentação de propostas e o eleitor ficou no meio desse “tiroteio” verbal. Afinal, quem está com a razão? O DIA conversou com os dois candidatos e fez pesquisas para tentar esclarecer um pouco o eleitor. Ao jornal o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que disputa a reeleição, disse que apesar dos desafios realizou grandes projetos. “Quando assumi a administração dessa cidade, herdei uma dívida milionária. Parcelas altíssimas de empréstimos feitos por Eduardo Paes. Não havia dinheiro nem para pagar a folha”, disse Crivella. Segundo ele, agora as finanças estão saudáveis e livres de vícios.
Desde o início da disputa à Prefeitura do Rio, os candidatos têm feito sabatinas, dado entrevistas, pesquisas foram realizadas, corpo a corpo na rua, propaganda eleitoral na tevê com os feitos da gestão e os que serão realizados. Mas, uma triste realidade ronda o prefeito do Republicanos: a população carioca não está nada
Crivella prometeu ampliar para 3h o prazo diário do Bilhete Único. A Câmara aprovou, mas ele vetou
satisfeita com a sua gestão. Segundo uma pesquisa realizada pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (Dapp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em agosto mostra que o nome do atual prefeito teve 82% de menções negativas no Twitter, contra apenas 14% positivas e 4% neutras.
E isso tem motivo, segundo checagem da Agência Lupa, durante os seus quatro anos de mandato, o prefeito cumpriu menos de 20% das promessas que fez em seu programa de governo de 2016, registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao contrário do que afirma. Por questões metodológicas, a agência dividiu algumas frases e verificou que de 60 compromissos assumidos pelo prefeito, 49 não foram cumpridos.
A área de mobilidade urbana foi a que menos teve promessas cumpridas por Crivella. De 12 frases, apenas uma se concretizou. Uma dessas propostas se destaca por ter uma contradição entre o que foi prometido e o que foi, de fato, realizado. Em 2016, Crivella disse que ampliaria para três horas o prazo para a utilização do Bilhete Único. Em maio de 2019, a Câmara aprovou um projeto de lei para aumentar, de fato, o prazo. O prefeito, no entanto, vetou.
Outra área que é de responsabilidade da prefeitura é a saúde pública municipal. Das 12 promessas, apenas três foram cumpridas. Entre as frases analisadas, uma delas se destaca por um erro. Crivella prometeu criar duas unidades das Coordenações de Emergência Regional (CER) que já existiam e tinham sido inauguradas pela gestão anterior.
A despesa da Secretaria Municipal de Saúde caiu durante a gestão de Crivella, de acordo com o portal de Transparência da Prefeitura do Rio de Janeiro. Durante os três primeiros anos da atual gestão, o gasto médio da secre
O que o prefeito chamou em seu plano de Coordenações de Atendimento Regional são, na verdade, as Coordenações de Emergência Regional (CER). Dos três hospitais citados por Crivella, dois têm CERs em funcionamento: o
Albert Schweitzer e o Rocha Faria. Mas nenhuma delas foi implantada pela atual gestão.
A CER de Realengo, parte do hospital Albert Schweitzer, foi inaugurada no dia 14 de julho de 2016. Já a CER de Campo Grande, parte do Rocha Faria, foi inaugurada na semana seguinte, em 20 de julho. Ou seja, as duas unidades, que faziam parte do plano de municipalização das emergências, foram inauguradas na gestão de Eduardo Paes.
Atualmente, o Rio de Janeiro tem sete dessas estruturas, junto a hospitais de emergência. A primeira foi inaugurada em 2012, durante o governo de Eduardo Paes, ao lado do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.