Bem menos pessoas nas ruas da Saara
Mesmo sendo feito com residentes da mesma casa, lojistas cariocas estão otimistas com as vendas
Ofim do ano está chegando, mas Natal e Ano Novo não serão os mesmos em 2020 por conta da pandemia da covid-19 e pelo aperto no cinto do consumidor. É feito matemática: Pouca grana + covid = pouco dinheiro circulando e festas mais econômicas. Mas mesmo diante deste cenário as vendas de Natal nos comércios locais e nos shoppings do Rio devem aumentar em 3%, de acordo com pesquisa do CDLRio e do Sindilojas-Rio.
Não custa nada relembrar que estamos em pandemia, a segunda onda já está aí e precisamos seguir algumas recomendações. A pesquisadora em saúde do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde do COPPEAD/ UFRJ e Membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ, Chrystina Barros, em conversa com O DIA, afirma que a pandemia continua e recomenda que as festas de fim de ano aconteçam apenas entre pessoas residentes da mesma casa.
“É muito complicado pensar nas festas de fim de ano com tanta tensão. Nós estamos, desde meados de outubro, em uma franca ascensão do número de casos e principalmente de número de internações. É questão de tempo e será consequência, infelizmente, um aumento também no número de óbitos. Mas isso tudo, este aumento no número de casos, é consequência direta das medidas de relaxamento, que em nenhum momento retrocederam, somadas a um comportamento da população que beira à irresponsabilidade. Então, o melhor presente de Natal que podemos dar a nós, a nossa família e a nossa sociedade é reduzir o número de casos. Precisamos voltar um pouquinho mais para aquela situação de confinamento que traduz cuidado. Confraternizações de fim de ano não devem ser realizadas. As famílias devem buscar permanecer juntas sim, mas somente aquelas pessoas que já vivem e moram juntas normalmente”, afirma Chrystina.
Segundo a pesquisadora, neste período pandêmico é necessário evitar o contágio da covid-19 seguindo às recomendações dos órgãos de saúde, como fazer uso da máscara, higienização das mãos, distanciamento social e evitar aglomerações, ainda mais nas festas de fim de ano.
“Não é hora de se pensar em nenhum tipo de festa e de aglomeração, mesmo se for da família. Se são pessoas que não habitam, que não moram juntas no dia a dia, elas não devem se encontrar fisicamente. E mesmo nesse momento vale todo o cuidado, sair apenas quando necessário, não participar de confraternizações externas, lavar as mãos, não aglomerar, dar preferência a ambientes abertos, manter a casa ventilada, são esses cuidados que vão nos dar o melhor presente de fim de ano e para que venha 2021 com a vacina, aí sim poderemos retornar nossa proximidade calorosa a qual tanto sentimos falta”, recomenda a especialista.
Com a pandemia, muitas famílias cariocas tiveram que mudar algumas tradições natalinas e terão um Natal diferente dos anos anteriores. A estudante de jornalismo Beatriz Lisbôa, de 23 anos, mora com os pais e os dois irmãos na cidade de Mesquita, na Região Metropolitana do Rio, e disse ao DIA que o Natal vai ser com a família reduzida.
“Esse ano, por conta da pandemia, o nosso Natal vai ser diferente. Nos anos anteriores a gente costumava reunir a família inteira, os tios, primos, sobrinhos, amigos também, a gente fazia ceia com a família inteira. Minha família é bem grande. Mas esse ano por causa da pandemia, o que a gente está planejando fazer é cada um se reunir nos seus grupos menores e fazer a ceia na sua casa. Então, aqui em casa, nós não iremos para a casa dos nosso tios, que é o que a gente geralmente faz todo ano, esse ano nós vamos ficar na nossa casa mesmo, só eu, meus pais e meus irmãos. E os nossos outros parentes cada um vai fazer a ceia nas suas casas, exatamente para não correr o risco com a pandemia”, disse.
*Reportagem da estagiária Karen Fernandes, sob supervisão de Cadu Bruno
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A movimentação não está igual aos anos anteriores por conta da pandemia. Renato Roque, de 45 anos, morador do Méier, Zona Norte do Rio, foi às compras de decorações natalinas na terça-feira na Saara, no Centro da cidade, e sentiu diferença.
“As vendas esse ano estão muito precárias, muito reduzidas, muitas lojas fechando, então isso é triste, não vai ser um Natal como os outros que já vivi. Eu prefiro (comprar) online, às vezes sai mais barato e é menos estressante. Tudo bem que tem hora que a gente tem que fazer trocas, não é mesma coisa da gente estar visualizando no físico, mas mesmo assim eu prefiro”.
No entanto, o setor lojista carioca está otimista para as vendas de fim de ano. Segundo pesquisa do CDLRio e do SindilojasRio, os lojistas cariocas estimam um aumento de 3% nas vendas para o Natal.