O Dia

AGENDA POLÍTICA

O NOVO PREFEITO TERÁ QUE ENCARAR O POVO OLHO NO OLHO

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No quadro atual e diante do quadro de calamidade da administra­ção municipal, a primeira ferramenta a ser utilizada pelo prefeito terá que ser a sinceridad­e. Ele terá que de encarar a população de frente, olho no olho, enumerar os problemas e definir prioridade­s. As dificuldad­es estão por toda parte: na Saúde, na Educação, no transporte público, na zeladoria, na conversaçã­o das via públicas e em qualquer outro serviço de responsabi­lidade da prefeitura.

A segunda providênci­a da nova administra­ção será apresentar uma agenda detalhada e dizer, ponto por ponto, o que será feito para por em ordem uma casa praticamen­te destruída. Acuado por quatro anos de uma gestão equivocada, que deixou a desejar em matéria de organizaçã­o, de eficiência e de transparên­cia, o carioca exige que a cidade recupere o tempo pedido. Exige que o município volte a ter capacidade de iniciativa para que as pessoas, mais uma vez, vejam o Rio como uma cidade capaz de lhes proporcion­ar bem estar, segurança e felicidade.

Ainda que o atual ocupante do cargo venha a contrariar tudo o que indicam as pesquisas mais recentes e saia vencedor, ele terá que fazer uma escolha: ou muda sua forma de governar ou corre o risco sério de ter o mandato abreviado por exigência popular. Ele terá, além de tomar providênci­as para solucionar os problemas que sua própria administra­ção criou, que passar a governar para todos e não apenas para seus eleitores confessos. É pouco provável que isso aconteça: pelo que mostram as pesquisas, só mesmo um milagre parece ser capaz de mantê-lo no cargo.

Como os milagres, por mais que se acredite neles, só beneficiam aqueles que fazem por merecê-los, tudo leva a crer que Marcelo Crivella não terá a chance de corrigir os erros que cometeu. O carioca deu ao longo da campanha sinais cada vez mais evidentes de que já não suporta a situação a que a cidade chegou nas mãos dele. E que está inclinado a encerrar de uma vez por todas o ciclo de poder de Crivella no município.

Essa realidade, sem dúvida, parece gerar benefícios eleitorais para o candidato Eduardo Paes. Na mesma medida, porém, ela aumenta sua responsabi­lidade: o tamanho do problema não poderá ser usado como desculpa nem aliviará o peso da cobrança que pesará sobre o novo prefeito. Caso seja mesmo o vencedor, como parece que será, Paes passará a ser o responsáve­l pelos destinos da cidade neste momento desafiador. Para ter sucesso deverá ser ao mesmo tempo um administra­dor eficiente e um ótimo político.

Sim. O Rio não chegará a lugar algum se o prefeito não tiver capacidade de articulaçã­o e coragem para, nos limites da lei, desafiar alguns dogmas da administra­ção pública que, nos últimos anos, tornaram-se modelo de administra­ção para o país inteiro. Um deles, é o que trata da dívida pública. A situação financeira do Município do Rio de Janeiro desceu a um abismo tão profundo que o endividame­nto acabará por ser tornar necessário.

Esse, por sinal, parece ter se tornado o único caminho capaz de reduzir a dependênci­a da prefeitura em relação à União e ao governo estadual. Isso mesmo. A Prefeitura do Rio de Janeiro terá que buscar apoio político para conseguir emitir títulos e pagar por eles ao longo das próximas décadas. Essa possibilid­ade, que atualmente não existe, terá que ser construída por meio da articulaçã­o política e talvez seja a única forma de, no curto prazo, se levantarem os recursos para fazer o que o município necessita precisa. Outro dogma que terá que ser contrariad­o diz respeito aos gastos públicos. Não é hora de economizar dinheiro, mas de gastá-lo com critério.

Nada disso será suficiente para tudo. Será preciso recuperar a confiança dos investidor­es privados e transformá-los em parceiros da reconstruç­ão. Para uma prefeitura que não tem dinheiro, o caminho das Parcerias Público -Privadas é uma forma segura e eficiente de se resolver os problemas do Rio. Senão todos, a maioria dos serviços públicos básicos pode ser transferid­a para empresas privadas — contratada­s de forma transparen­te e fiscalizad­as com zelo pelo poder público. Apressar esse tipo

“Novo prefeito terá que enumerar os problemas e definir prioridade­s”

de solução será, no mínimo, uma forma de ganhar tempo.

Atenção! Dizer que existem essas saídas é a boa notícia. A má notícia é que os recursos que poderão vir daí talvez não sejam suficiente­s, no curto prazo, para tudo que precisará ser feito para fazer a cidade voltar a andar para a frente. Quem vive no Rio, infelizmen­te, sentiu na própria pele os efeitos da omissão de uma prefeitura que, a cada dia, se tornou mais ausente e distante da vida da população. Os governante­s precisam se reaproxima­r do povo e demonstrar amor por ele. Isso é fundamenta­l para o carioca voltar a sorrir e recuperar a confiança em sua cidade.

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