O Dia

Greve de ônibus deixa milhares de passageiro­s sem transporte neste domingo

TRE considera greve ilegal por causa das eleições e aciona a PF. Rodoviário­s reclamavam do parcelamen­to do 13º em oito vezes

-

Uma greve de ônibus das empresas Redentor e Futuro, do Consórcio Transcario­ca, que circulam por bairros das zonas Oeste e Norte do Rio, deixou milhares de passageiro­s sem transporte público na manhã de ontem. O movimento atrapalhou muita gente que iria votar cedo, principalm­ente idosos, e outros que precisavam trabalhar. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio considerou a greve ilegal por causa das eleições e acionou a Polícia Federal. Por volta das 11h, os veículos começaram a circular, mas os pontos de ônibus no início da tarde ainda estavam lotados.

Além da PF, o juiz eleitoral Luiz Márcio Pereira esteve na garagem da Redentor, em Jacarepagu­á, para intermedia­r uma solução. Os cerca de 2,5 mil funcionári­os das duas empresas resolveram cruzar os braços ontem devido à decisão da Redentor e da Futuro de parcelar o 13º em oito vezes. Alegam que estão com o o depósito do FGTS em atraso.

A PF tentou identifica­r os líderes do movimento e o juiz eleitoral pediu a escala dos trabalhado­res. Para que ninguém fosse autuado, funcionári­os e empresa chegaram a um acordo para que o 13º fosse parcelado em três vezes e pago totalmente até 30 de dezembro ou 20 de janeiro.

“Houve falta de comunicaçã­o da empresa com os trabalhado­res, porque colocaram aviso de que iriam parcelar o 13º, quando as negociaçõe­s sobre o tema ainda estão em curso com o Ministério Público do Trabalho. Tivemos audiência na quinta-feira e deram um prazo de 24 horas para que proposta do MPT fosse avaliada”, disse Sebastião José, presidente do Sindicato dos Rodoviário­s do Rio. Procurado por O DIA, o Consórcio Transcario­ca se limitou a informar “que as negociaçõe­s seguem em andamento”.

Moradora de Jacarepagu­á, Tamires Brito Melo, 18, ficou mais de duas horas no ponto. Atrasada para o trabalho, no Shopping Tijuca, estava preocupada e disse que foi surpreendi­da com a situação. “Eu não sabia dessa greve, descobri aqui. Tem duas semanas que comecei nesse emprego e já me atrasei. Provavelme­nte vai ser descontado este atraso e devo ficar sem folga”, lamentou a jovem que aguardava por ônibus da linha 600.

Soraia Alves, 33, optou pelo Largo da Pechincha achando que seria mais fácil, já que no local teria mais opções. Ela esperou por duas horas e acabou desistindo e chamar carro de aplicativo para votar na Tijuca. “Gastaria R$ 4,05 e agora vou ter que pagar R$60. Pensei em desistir de votar por causa disso mas como vou aproveitar para visitar minha mãe”.

O trajeto que, de ônibus, duraria dez minutos, levou mais de 40 minutos para o cadeirante Paulino Junior, 54. “Ia de ônibus para casa da minha mãe e desisti de esperar. Vou rodando a cadeira”. Apesar do transtorno, Paulino disse que apoia a greve. “Acho legítimo. Acredito que se fosse em qualquer outro dia, os rodoviário­s não seriam ouvidos”, afirmou.

Além da PF, juiz eleitoral foi à garagem da Redentor para intermedia­r solução

 ?? LUCIANO BELFORD ?? Ônibus circularam às 11h, mas os pontos estavam lotados à tarde
LUCIANO BELFORD Ônibus circularam às 11h, mas os pontos estavam lotados à tarde

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil