O Dia

Prefeito eleito fará consultas públicas sobre projetos

Ele também quer mais diversidad­e, com negros no alto escalão, e revela mais um nome para o secretaria­do: Marli Peçanha.

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

“O secretário Pedro Paulo, que conhece bem as finanças da prefeitura, vai organizar as contas”

EM ENTREVISTA AO DIA, o prefeito eleito, Eduardo Paes (DEM), falou que quer consultar a população através de votações para projetos. Um deles é a possível derrubada da Ciclovia Tim Maia. Paes também quer mais representa­tividade no seu governo, como negros no alto escalão e revela mais um nome do seu futuro secretaria­do: Marli Peçanha, que fez a ponte com moradores realojados durante as obras olímpicas. E, já tem tratativas para eventos no Rio: quer tirar o Web Summit de Porto Alegre para os cariocas.

ODIA:

Se a abstenção fosse uma candidata o senhor perderia as eleições. O senhor avalia que o grande número de faltosos ocorreu somente por conta da pandemia ou isso também reflete uma descrença da população com a classe política?

PAES:

Acho que isso tem a ver com a pandemia, sim. Onde teve um maior número de abstenção foi justamente onde tem eleitores mais velhos, as pessoas têm medo. É óbvio que tem uma abstenção tradiciona­l no Rio de decepção com a política, mas acho que nesse nível tem muito a ver com a pandemia, sim.

Após eleito, o senhor conversou com o presidente Jair Bolsonaro. Do que falaram?

Foi um simples cumpriment­o, muito rápido, muito objetivo. O senador Flávio Bolsonaro ficou de marcar um encontro nos próximos dias, então, estou aguardando o senador marcar o dia que ele pode me receber e irei, imediatame­nte, para Brasília. Mas foi isso: uma conversa muito rápida, só dei um abraço, agradeci.

Diferente dos mandatos anteriores, nos quais havia a previsão dos grandes eventos, como Copa e Rio 2016, hoje temos uma

crise fiscal sem a previsão de grandes investimen­tos para o Rio. Como o senhor pretende mudar esse panorama e atrair investimen­tos para a cidade?

A gente tem que mudar essa previsão de eventos. Hoje, por exemplo, já conversei com um sujeito que está em Portugal. Tem um evento, chamado Web Summit que está ameaçando ir para Porto Alegre e, hoje cedo, já conversei com o responsáve­l para trazer esse evento para o Rio. Tem uma coisa de percepção sobre a cidade, relacionad­a à gestão do Crivella. O estilo dele, a maneira como ele lidava com as coisas tornou a cidade pouco atraente para investimen­tos. A gente tem uma oportunida­de nessa virada de dizer: ‘estamos sob nova administra­ção, sob nova gerência, então, venham para o Rio’. Pode ter certeza que vamos mudar esse quadro.

E é uma frente de geração de empregos. O senhor pensa em outras frentes para fomentar mais empregos?

Sim, essa é forma mais natural é atrair investimen­tos, recuperar a economia da cidade, voltar o bom astral, voltar o cuidado com a cidade. Mas tem também uma coisa de ações diretas de governo, por exemplo: retomar

nas favelas as frentes de trabalho com o gari comunitári­o, Guardiões dos Rio; são todos programas que aquecem a economia e geram emprego. Tem uma frente mais estatal, que nunca é suficiente e nem deve ser, e tem uma frente que é de atrair investimen­tos para a cidade.

O seu ex-secretário de Obras, Alexandre Pinto, foi condenado por corrupção. O senhor pretende nessa gestão implementa­r mecanismos de controle da corrupção?

Sem dúvida. O objetivo é fazer algo além dos sistemas de controles formais que a prefeitura já tem, como a controlado­ria, o Tribunal de Contas do Município, procurador­ia. Eu defendo que a gente tenha uma postura mais ativa de observação das pessoas, de sinais externos de riqueza, teste de integridad­e. Acho que são medidas importante­s. No caso que você falou do secretário, eu nunca fui alertado por nenhum órgão de controle sobre eventuais delitos que ele estivesse cometendo, senão teria demitido.

Na Educação o senhor promete contratar 3 mil professore­s, abrir 30 mil vagas nas creches, distribuir tablets aos alunos. De onde o dinheiro?

Governar é estabelece­r prioridade­s. O secretário Pedro Paulo, que conhece bem as finanças da prefeitura, vai organizar as contas. Recurso tem, mas a gente prioriza. Sem dúvida alguma a prioridade número um é a Saúde, e algumas questões relativas à Educação, também. Você tem essa questão do Conectados que é um investimen­to, mas não podemos deixar as crianças sem aula mais uma ano caso a pandemia se estenda.

O senhor disse que quer fazer um governo antirrasci­sta. No entanto, nas suas gestões anteriores não havia negros no alto escalão. Pretende mudar isso? Já tem nomes em mente?

Vou mudar isso, sim, certamente. Já estou conversand­o com algumas pessoas, mas não tenho nenhum nome para anunciar ainda, não. Tem uma pessoa que trabalha há muito tempo comigo, há muitos anos, que é uma mulher negra, a Marli Peçanha, que quero colocar como minha secretária. Ainda não sei onde ela vai ficar.

No seu plano de governo, a respeito do IPTU há a previsão de redução dos reajustes. Será no primeiro ano?

A gente se compromete­u em reavaliar as situações absurdas e reduzir onde deve ser reduzido. Isso vai acontecer ano que vem, sim.

Ciclovia Tim Maia. A população que vai decidir se vai continuar ou não?

Nós vamos ver como a gente faz isso. Vou defender que a ciclovia permaneça, mas para isso preciso dos pareceres técnicos, dos estudos, apresentar isso para a população e perguntar se ela quer que continue. Acho que é até um modelo interessan­te, passar a consultar a população em votação para alguns temas, mas temos que fazer de forma simplifica­da.

No final do seu governo, qual manchete gostaria de ler na manchete do Dia?

Que o Rio possui a melhor saúde pública do Brasil.

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REGINALDO PIMENTA

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