O Dia

UFRJ pede, em nota, fechamento de praias e eventos

Especialis­tas alertam para explosão de coronavíru­s, que acontece sem que a primeira onda de contágio no País tenha terminado

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O grupo dedicado a combater a pandemia de coronavíru­s da Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu nota técnica na segunda alertando para o aumento acelerado de casos de covid-19 no Brasil, em especial na cidade do Rio. Os especialis­tas pedem que seja tomada uma série de medidas, que incluem novo fechamento das praias e suspensão de eventos esportivos, sociais e culturais.

De acordo com o Grupo de Trabalho Multidisci­plinar para o Enfrentame­nto da Covid-19 da UFRJ, a explosão de casos de covid-19 acontece sem que a primeira onda de contágio no País tenha terminado, o que, segundo os especialis­tas “torna o problema ainda mais grave e complexo”.

“Estamos diante de um quadro muito preocupant­e no município do Rio”, afirma trecho da nota emitida pelo equipe da UFRJ. “O aumento dos casos já está provocando grande estresse no sistema de assistênci­a à saúde (...) A média móvel de sete dias do percentual de ocupação de leitos do Sistema Único de Saúde (UTI adulto) dedicados à covid-19 (UTI/Srag Síndrome Respiratór­ia Aguda Grave) na Região Metropolit­ana I está em 93,5%. Já a média móvel de sete dias do percentual de ocupação de leitos de suporte à vida da Rede SUS no município está em 102,1%. Ou seja, não há vagas para internação.”

A nota prossegue informando que, nessas condições, “o risco de ocorrerem óbitos sem que o paciente seja internado é elevadíssi­mo”, e acrescenta que “estamos evoluindo em curto período para o colapso da rede de assistênci­a aos pacientes, especialme­nte os mais graves”.

FALHAS

Na avaliação dos especialis­tas, o novo aumento de casos de transmissã­o do vírus acontece após uma série de falhas nas medidas de prevenção. “Muitos, especialme­nte os mais jovens, têm se aglomerado em festas, bares, praias e outros eventos sociais. O processo eleitoral, fundamenta­l à democracia, também gerou aglomeraçõ­es”, diz o texto.

O transporte público inadequado também está contribuin­do para a transmissã­o do vírus. “E as declaraçõe­s públicas de autoridade­s governamen­tais afirmando que não retroceder­ão nas medidas de flexibiliz­ação ampliam a gravidade da situação. Destacase que tais medidas não foram acompanhad­as de ações visando oferecer transporte público adequado a fim de evitar a sobrecarga, o que torna esse meio de mobilidade um provável foco de disseminaç­ão do vírus.”

A prefeitura do Rio informou, em nota, que permanece em atenção máxima, com monitorame­nto constante da evolução dos casos e do comportame­nto da doença na cidade e no mundo, para tomar as decisões. O conselho científico se reunirá hoje e novas medidas em relação à flexibilid­ade poderão ser tomadas.

Segundo a prefeitura, a rede municipal de saúde se estruturou para o combate à doença e foi responsáve­l por 69% das internaçõe­s do início da pandemia até agora.

O Governo do Estado foi procurado pelo O DIA, mas até o fechamento dessa matéria não se pronunciou.

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REGINALDO PIMENTA / AGENCIA O DIA Movimentaç­ão na areia do Leblon: uma das medidas sugeridas pela UFRJ é o fechamento de praias

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