Emoção e protestos no enterro do menino Ray
Parentes do adolescente morto durante ação da PM em Campinho pedem justiça
Osepultamento de Ray Pinto Faria, de 14 anos de idade, foi marcado por emoção e protestos. O enterro aconteceu na tarde de ontem, no cemitério de Irajá. A família acusa a polícia pela morte do adolescente, que aconteceu durante uma ação da PM no Morro do Fubá, em Campinho, Zona Norte do Rio. Durante o cortejo, o grito de ordem era: “Justiça para o Ray”. Segundo os parentes, o menino estava no portão de casa quando foi abordado e levado por policiais.
Com cartazes que diziam “A luta por justiça continua”, “Ele era só uma criança” e “Não entendi porque teve que ser assim”, a despedida foi emocionante. Durante o velório, a mãe, Alessandra Conceição Pinto, 34, chegou a passar mal. “Quero justiça para o meu filho. Meu filho era só um adolescente, um morador, um menino que gostava de jogar bola. Tiraram um pedaço de mim”, disse ela.
A família prometeu que vai buscar resposta para o crime e que não vai desistir. “Daqui pra frente, vamos buscar justiça. Vamos correr atrás e fazer a justiça se cumprir. Estamos tristes e revoltados”, afirma Lucas Izaías, 19, primo de Ray.
SONHO DE JOGAR FUTEBOL
Um adolescente sorridente, filho do meio dentre três irmãos, cheio de sonhos e torcedor do Flamengo. Assim o jovem era conhecido por amigos e parentes. “Ele era um menino contente, alegre e que sonhava em ser jogador de futebol”, conta o primo Lucas.
Muito emocionada, a irmã mais nova, Ana Júlia, 12, tentava consolar o irmão mais velho, Patrick, 17: “Ele vai estar sempre com a gente, virou uma estrelinha. Não vamos esquecer ele nunca. Quando você usar a blusa que vocês têm igual, vou usar a dele junto com você. Você não vai ficar sozinho. Estão contra a gente, mas Deus está com a gente”.
Sem recursos para o sepultamento do adolescente, orçado em R$ 3 mil, a família pediu ajuda à ONG Rio de Paz, que arcou com os custos.
Os familiares afirmam ainda que passaram algumas horas sem saber do paradeiro de Ray, até receberem a informação de que o adolescente estava no Hospital Municipal Salgado Filho, onde foi encontrado morto por sua mãe.
“Pegaram meu filho e eu tive que procurar ele. Perguntei aos policiais e eles disseram que não sabiam dele. Quando encontrei, ele estava no Salgado Filho, morto”, conta a mãe.