NINGUÉM QUER SE COMPROMETER. CONSELHO DE ÉTICA PODE DAR PENA BRANDA PARA O DEPUTADO DANIEL SILVEIRA
Dos 21 titulares, apenas três defenderam abertamente punição para Daniel Silveira
Integrantes do Conselho de Ética da Câmara discutem aplicar punição branda ou até mesmo livrar o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) de qualquer censura após os ataques à democracia, a ministros do STF e apologia à ditadura militar. O colegiado instarou processo que pode levar à cassação do bolsonarista. Dos 21 titulares do conselho consultados pela Agência Estadão Conteúdo, apenas três defenderam abertamente punição a Silveira. A maioria não quis antecipar como votará.
Ontem, o deputado Fernando Rodolfo (PL-PE) foi o escolhido do presidente do conselho, Juscelino Filho (DEM-PA), como relator do processo de Silveira. Rodolfo será responsável pelo relatório sobre o caso, que será votado, e pode resultar na cassação do parlamentar bonsonarista.
Silveira completa hoje dez dias de prisão, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e confirmada pelos plenários da Corte e da Câmara. Apesar de preso em flagrante, continua recebendo salários. Além da remuneração de R$33.763, tem à disposição do gabinete cota mensal de R$ 35.759,97 para custear atividades do mandato.
O conselho também instaurou procedimento para analisar as denúncias contra a deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada de ser mandante do assassinato do marido, pastor Anderson do Carmo. Ela foi afastada do mandato pela 2ª Câmara Criminal do TJ-RJ.
Nos bastidores, a avaliação é de que o início simultâneo das representações beneficia o bolsonarista. Sob reserva, deputados argumentam que as penas devem ser distintas porque a agressividade verbal de Silveira não pode ser comparada à acusação de assassinato. Por esse raciocínio, seria Flordelis, e não ele, quem deveria perder o mandato.
A oposição busca convencer colegas de que as duas condutas foram graves e passíveis de punições firmes. “Seja ‘crimezinho’ ou ‘crimezão’, atentaram contra a ética e o decoro parlamentar. Não compete ao conselho decidir se punições têm que ser diferentes porque crimes foram diferentes. Isso compete à Justiça”, afirmou Júlio Delgado (PSB-MG).