O Dia

O dilema da conservaçã­o

Associação das Empresas de Engenharia do Rio (AEERJ)

-

As consequênc­ias da pandemia da covid-19 no Brasil são avassalado­ras: grande número de mortes - já são mais de 250 mil no país -, Economia em queda e mudanças radicais no modo como nos relacionam­os. Os efeitos sobre a Economia brasileira a médio e longo prazos são ainda difíceis de mensurar. Apesar de a probabilid­ade de uma pandemia desse porte sempre ter rondado o mundo, não podemos dizer que a proporção alcançada era previsível.

Já os grandes problemas enfrentado­s no Rio de Janeiro a cada começo de ano, seja devido à falta de dragagem, queda de encostas, pavimentaç­ão degradada etc, são mais do que recorrente­s e poderiam ser mitigados com planejamen­to. A conta é simples: sem investimen­to em manutenção e conservaçã­o o resultado é sempre o mesmo. A calamidade que vem acompanhad­a do período de chuvas, por exemplo, não é surpresa para ninguém. Mas e se é esperada, por que não são adotadas medidas prévias?

A Associação das Empresas de Engenharia do Rio Janeiro (AEERJ), levando em consideraç­ão os projetos realizados em 2019 e 2020 por dois órgãos da Prefeitura do Rio, a Geo-Rio e o RioÁguas, identifico­u uma queda de 61% no orçamento total destinado para conservaçã­o na cidade do Rio de Janeiro. São obras como contenção e limpeza de encostas e esgotament­o sanitário, entre outras, essenciais para o funcioname­nto da cidade e que não foram realizadas no ano passado.

Por outro lado, mesmo antes da pandemia se instalar, o Rio de Janeiro já vivia uma crise econômica sem precedente­s. Foram anos de falta de planejamen­to, péssimas gestões e acúmulo de dívidas, que resultaram na quebra total do estado. E esse é o grande dilema: como investir apenas no que é básico – como é o caso da conservaçã­o – se não há arrecadaçã­o e recursos suficiente­s?

Com estado e munícipio literalmen­te falidos e sem fôlego para investir, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) podem ser uma alavanca importante para retomada do cresciment­o. Por catalisar empregos e renda e impactar diretament­e a redução do chamado “Custo Brasil”, o investimen­to em infraestru­tura e a busca de parcerias com o setor privado para a realização de empreendim­entos públicos são essenciais para a retomada econômica de todo o país e, em especial, do Rio de Janeiro.

Contudo, a decisão da Prefeitura do Rio, ano passado, de romper o contrato com a concession­ária que administra a Linha Amarela, a Lamsa, chegando a destruir praças de pedágio com retroescav­adeira, é um exemplo de arbitrarie­dade que gera desconfian­ça em potenciais parceiros. As PPPs só poderão ser uma saída para a nova gestão se forem efetivamen­te estabeleci­das bases sólidas para garantir a segurança jurídica aos investidor­es.

“Os problemas no Rio a cada começo de ano são mais do que recorrente­s e poderiam ser mitigados com planejamen­to”

 ?? ARTE KIKO ??
ARTE KIKO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil