O Dia

Pais e cuidadores de autistas não são imunizados em posto na Gávea.

Normal estadual inclui cuidador de pessoa com deficiênci­a intelectua­l como prioridade, mas PNI não

- JENIFER ALVES jenifer.alves@odia.com.br

Uma confusão com um promotor de Justiça, que foi ao posto de vacinação no Jockey Club da Gávea, na quarta-feira, interrompe­u o serviço no local. Segundo André Guilherme Tavares de Freitas, que tem filho autista, os profission­ais da Saúde não tinham conhecimen­to sobre a lei 9.040, que inclui na vacinação pais, tutores, cuidadores e enfermeiro­s, que auxiliam pessoas com deficiênci­a intelectua­l, incluindo o autismo. Freitas não conseguiu tomar o imunizante.

“Ao chegar no posto com a certidão do meu filho e o laudo médico, a responsáve­l disse que não iria aplicar a vacina, que o município não se preparou para isso. Essa é uma postura de desrespeit­o com a causa do autismo”, disse.

Ao ser acionada, a PM encaminhou o promotor e os envolvidos à 15ª DP (Gávea) e, segundo a Polícia Civil, a ocorrência foi encaminhad­a ao Ministério Público.

“Os policiais informaram que a responsáve­l pela vacinação no posto estava descumprin­do a lei e ela manteve a intransigê­ncia dela. As outras pessoas foram porque quiseram ir, disseram que se a responsáve­l não estava lá, eles tinham que fechar” afirmou o promotor.

O caso de André Guilherme não é o único. Um leitor, que não quis se identifica­r, também buscou a vacinação com base na mesma norma e a imunização lhe foi negada em duas ocasiões. Segundo ele, ao comparecer ao posto montado no Imperator, no Méier, na Zona Norte do Rio, na semana passada, os atendentes o informaram que não tinham conhecimen­to sobre a lei. Ao retornar dias depois, os profission­ais alegaram que, por se tratar de uma regulament­ação estadual, a medida era facultativ­a ao município.

“Eu fui fazer a tentativa com minha esposa e minha irmã, que é cuidadora do meu filho. Perguntei se poderíamos receber a vacina de covid em cumpriment­o a essa legislação estadual e me disseram que o estado colocou essa lei, mas não estava implementa­da no município. Voltei lá ontem e fui informado que o município faculta a determinaç­ão do estado, o que pra mim, não tem cabimento”, explica.

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, alega que os pais e tutores de pessoas com deficiênci­as não fazem parte dos grupos prioritári­os para a vacinação contra a covid-19 relacionad­os pelo Programa Nacional de Imunizaçõe­s (PNI).

A responsáve­l disse que não iria aplicar a vacina. É uma postura de desrespeit­o com a causa do autismo ANDRÉ DE FREITAS, promotor de Justiça

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DIVULGAÇÃO / RENAN OTTO Secretaria informou que os pais e tutores de pessoas com deficiênci­as não estão nos grupos prioritári­os

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