Executivo da Pfizer detalha encontros com o governo em depoimento na CPI.
Carlos Murillo revela detalhes de encontros com o Ministério da Saúde
Em depoimento à CPI da Covid no Senado ontem, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, afirmou que as primeiras reuniões com o Ministério da Saúde para tratar sobre a vacina aconteceram em maio e junho do ano passado. Eram encontros exploratórios onde a farmacêutica compartilhou o status de desenvolvimento do imunizante.
Em 16 de julho, a empresa forneceu ao Ministério uma “expressão de interesse”. Então, em 6 de agosto, a pasta manifestou “possível interesse” no fármaco da farmacêutica, relatou Murillo. “Como consequência, no dia 14 de agosto oferecemos nossa primeira oferta, vinculante”, disse. Eram dois tipos de ofertas, de 30 milhões ou 70 milhões de doses do imunizante, que estava em desenvolvimento, com as mesmas condições de compra.
Segundo ele, em 18 de agosto, a Pfizer voltou a fazer as ofertas de 30 milhões e 70 milhões de vacinas, mas naquele momento havia um quantitativo adicional para o Brasil ao fim de 2020. Em 26 de agosto, houve uma terceira oferta, com os mesmos números de doses. Também naquela ocasião, a Pfizer havia conseguido um pouco mais de unidades para o primeiro trimestre de 2021.
RANDOLFE: ‘ESCLARECEDORA’
O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), fez uma análise no Twitter sobre o depoimento de Carlos Murillo ao colegiado. Para Randolfe, a fala do gerente-geral é “esclarecedora” e, se o governo tivesse aceitado as propostas da Pfizer, “não estaríamos vivendo essa tragédia”.
Logo após as declarações, Randolfe foi para as redes sociais analisar os números apresentados por Murillo. “Se o governo brasileiro tivesse adquirido vacinas ano passado, as 20 milhões oferecidas, nós teríamos protegido toda a população com mais de 60 anos e ainda sobraria. Poderia ainda, (além de salvar milhões de vidas), já ter vacinado ano passado todos os trabalhadores de saúde — cerca de 5 milhões de pessoas (setor público e privado) — todos da chamada cadeia produtiva da saúde”.
Os cálculos do vice-presidente da comissão prosseguem: “Poderia ter vacinado todos os diabéticos (cerca de 13 milhões), muitos desses já estão na faixa de mais de 60 anos (35%)”.