Polícia faz simulação de morte no Lins
Procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ deu detalhes
Reconstituição de disparos que mataram a jovem Kathlen Romeu confrontou a versão dos dois PMs envolvidos no caso. Parentes e amigos da vítima acompanharam o procedimento.
APolícia Civil concluiu a reconstituição da morte de Kathlen Romeu, de 24 anos, no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. O procedimento contou com a participação de cerca de 50 policiais civis e peritos, que ocuparam a Rua Araújo Leitão, na comunidade Barro Vermelho, onde o disparo atingiu a jovem. Parentes, familiares e amigos de Kathlen, além de representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ acompanharam a simulação que levou três horas e meia. O procurador da comissão, Rodrigo Mondego, disse que a versão apresentada pelos dois PMs ouvidos contradiz dinâmica relatada pela avó da jovem e vai contra análise feita sobre perícia da Polícia Civil.
“O que foi dito pelos policiais aqui no local é que o tiro teria partido, não do beco, mas sim de outra localidade aqui na região. O que é incompatível com o que a gente conseguiu analisar da perícia, mas podemos afirmar que é totalmente incompatível com o relato da avó”, explicou Mondego, após o fim da reprodução simulada.
Pelo relato dos policiais, o disparo que atingiu a designer, que estava grávida de 14 semanas, teria partido de criminosos que estavam na Rua Araújo Leitão, mesma rua onde ela passava com a avó. A versão é diferente da apresentada pela avó, que defende que os disparos partiram de cima para baixo vindos de policiais que estavam em uma escadaria, conhecida Beco do 14.
A versão da avó, Sayonara de Oliveira, que caminhava com Kathlen quando ela foi atingida é compatível como laudo cadavérico ao qual a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) teve acesso. No documento, foi revelado que o disparo atingiu a jovem de cima para baixo.
“Para o projetil ter atingido ela do jeito que eles falaram, ela não poderia estar andando de frente para o final da rua, que é a versão que a avó diz desde o início, mas sim teria que ter dado um rodopio para cair de frente, como ela caiu. Não teria muito sentido essa versão”, defendeu o advogado.
Abalada, a avó da jovem Kathlen chegou a falar com a imprensa sobre ter que reviver a morte da sua neta. “Tá muito duro o dia de hoje. Todos os dias, mas hoje, principalmente. É muito duro pisar ali naquele lugar”, comentou. “É impossível o despreparo. Eles se depararam com bandido e não conseguiram acertar ninguém, só a minha neta?”, questionou Sayonara.