O Dia

A mudança do Imposto de Renda

- Myrian Lund Economista e professora dos MBAs da FGV

Éfato que corrigir a tabela do Imposto de Renda traz um alívio para os trabalhado­res. A isenção que era limitada a R$ 1.900,00 e que agora passou a R$ 2.500,00 beneficia os assalariad­os. Mas, como a proposta tributária apresentad­a ao Congresso não vem acompanhad­a de uma reforma administra­tiva, em busca de menor gasto, o governo tem que buscar compensaçõ­es. E uma destas compensaçõ­es vai afetar diretament­e a classe média, pois reduziu o limite para quem faz Declaração de Imposto de Renda pelo modelo simplifica­do de R$ 17.800,00 para R$ 5.000,00. O ganho mensal com a melhoria da tabela vai ser parcialmen­te devolvido na Declaração de Imposto de Renda, pelos que utilizam desconto simplifica­do e ganham, principalm­ente, entre R$ 5.000,00 e R$ 7.000,00 aproximada­mente.

Os gastos do governo estão acima das receitas, gerando um déficit primário. Quando as contas não fecham, há três alternativ­as:

— Reduzir gastos – no caso do governo seria fazer a reforma administra­tiva

— Aumentar receita – no caso do governo, trata-se de aumentar imposto

— Buscar empréstimo – no caso aqui, é aumentar a dívida pública, que já está muito elevada.

Repare que não existe segredo. A forma de conduzir as finanças, seja para o Governo ou para a sua vida pessoal, é a mesma.

Se você está gastando mais do que ganha, por exemplo, é necessário fazer a planilha financeira e analisar linha a linha para reduzir gastos ou, então, buscar novas fontes de receitas, como um trabalho extra, por exemplo.

As medidas do governo estão benefician­do ligeiramen­te os trabalhado­res de baixa renda, mas ainda assim muito pouco, pois não reflete a defasagem de 113% na tabela do Imposto de Renda consideran­do os últimos 25 anos. Essa defasagem permanece em 80%, conforme explicou Mauro Silva, presidente da Associação Nacional dos Auditores da Receita Fiscal.

Diante do exposto, a carga tributáven­ir ria aumenta para pequenos e médios empresário­s, bem como para os assalariad­os da classe média, que perderam a vantagem do desconto simplifica­do.

Do ponto de vista de Planejamen­to Financeiro Pessoal e Familiar a dica é:

— Registrar periodicam­ente receitas e despesas e fazer acompanham­ento;

— Optar por aplicações automática­s no dia que recebe o salário, para ter uma reserva de emergência;

— Se precisar de empréstimo­s, opte pelo menor valor possível e menor prazo, e faça, previament­e, consulta para verificar as taxas das instituiçõ­es concorrent­es;

— Se já tem empréstimo­s, consulte outras instituiçõ­es para fazer portabilid­ade de crédito se a taxa for menor (taxa CET – custo efetivo total);

— Reduza o limite do cheque especial, para evitar a tentação;

— Evite parcelamen­tos no cartão de crédito, mesmo que o preço à vista seja igual ao parcelado.

Mantenha o cinto apertado para lidar melhor com as turbulênci­as do mercado. Cuide do seu bem-estar financeiro para uma melhor qualidade de vida.

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