Juros do cartão de crédito chegam a 398,4% ao ano
Taxas do cheque especial tiveram alta em 12 meses e bateram 128,6% ao ano
As taxas de juros estão cada vez mais estratosféricas para os consumidores. Ontem, o Banco Central informou que o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 3,5 pontos porcentuais de julho para agosto. A taxa passou de 394,9% ao ano para 398,4% ao ano. O aumento é efeito do ciclo de alta “intenso e tempestivo” da Selic pelo Copom. Juntamente com o cheque especial, o rotativo do cartão é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.
No parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, os juros passaram de 181,7% ao ano para 185,9% ao ano. Considerando a taxa total, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, passou de 85,2% para 87,3% ao ano.
Também influenciaram o aumento dos juros para as famílias as taxas do cheque especial, com alta de 1,2 ponto percentual no mês e 3,5 pontos percentuais em 12 meses (128,6% ao ano). Por outro lado, os juros do crédito pessoal
não consignado caíram 1,1 ponto percentual no mês de agosto e aumentaram 5,5 pontos percentuais em 12 meses (85,4% ao ano).
Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção com a nova regra era permitir que a taxa para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência,
em tese, cai com a migração para o parcelado.
A taxa média de juros das concessões de crédito livre e direcionado teve leve queda no mês de agosto, mas mantém a tendência de alta em 12 meses, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas nesta quarta-feira, 28, pelo Banco Central (BC). A taxa alcançou 28,7% ao ano em agosto, redução de 0,7 ponto percentual no mês e alta de 7,6 pontos em 12 meses.
A alta dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a taxa básica de juros da Economia, a Selic, está em seu maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% ao ano. Na última reunião do Copom, a Selic foi mantida nesse patamar, após 12 elevações consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
Em ata divulgada na terça-feira, o Copom avaliou que “o repasse da Selic para as taxas finais de diferentes modalidades de crédito tem ocorrido conforme esperado, ainda que as concessões de crédito para pessoa jurídica sigam mais robustas que o esperado”.
No crédito livre para as famílias, a taxa média de juros chegou a 53,9% ao ano, com aumento de 0,5 ponto percentual em relação a julho e de 13,4 pontos percentuais em 12 meses. Nas contratações com empresas, a taxa livre caiu 0,6 ponto percentual no mês e cresceu 6,6 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 22,8% ao ano.