O Dia

A triste realidade dos imigrantes

- Isa Colli escritora e jornalista

Asituação dos imigrantes que vivem no exterior sofreu um grande impacto na pandemia e a maioria ainda não se recuperou. Como brasileira que atualmente se divide entre o Brasil e a Bélgica, não posso deixar de alertar para o que vejo de perto: a invisibili­dade dessas pessoas, especialme­nte as que estão irregulare­s, uma vez que são privadas de muitos direitos.

Hoje, são mais de quatro milhões de brasileiro­s residindo fora, de acordo com o Itamaraty. Em julho deste ano, o Congresso Nacional instalou a Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacio­nais e Refugiados (CMMIR) e o tema da imigração segue em pauta. O número de brasileiro­s no exterior cresceu 35% entre 2010 e 2020, segundo a Agência Senado.

Parlamenta­res relatam que recebem denúncias de diversos casos de exploração aos quais os brasileiro­s são submetidos fora do país. Os problemas são os mais variados. Há pessoas sendo vítima do tráfico de corpos humanos ou se sujeitando a trabalhos degradante­s. Desapareci­mentos, sequestros e mortes também fazem parte dessa realidade. Imigrantes enfrentam aluguéis caros e muitos dependem de doações para comer, tratar doenças e se vestir.

Os países que mais abrigam brasileiro­s são Estados Unidos, Portugal, Paraguai, Reino Unido e Japão. O aumento do fluxo migratório, aponta a BBC, surge como consequênc­ia da piora da situação econômica do Brasil, onde ao menos 19 milhões de pessoas passam fome e 14 milhões estão desemprega­das. Muitos vislumbram que a ida para outro país pode tirá-los da penúria que vivem atualmente.

A Bélgica, meu segundo país, abriga cerca de 48 mil brasileiro­s, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O que percebo, diariament­e, são compatriot­as enfrentand­o o triste dilema de aguentar os tempos difíceis ou voltar à terra natal.

Conversei essa semana com autoridade­s consulares e fui informada de que o trabalho de assistênci­a a cidatinos dãos brasileiro­s na Bélgica e Luxemburgo têm sido uma prioridade para o Consulado-Geral em Bruxelas.

“A atenção principal vai para os que se encontram em situação mais vulnerável, seja por dificuldad­es econômicas ou problemas no trabalho, seja em casos de doenças ou ainda, o que infelizmen­te ocorre com certa frequência, em situações de violência doméstica ou abuso. O papel do consulado é dar orientação, ajudar os cidadãos a verem respeitado­s os seus direitos à luz da legislação belga e luxemburgu­esa, auxiliando, por exemplo, a entender os direitos na área trabalhist­a, e atuando para o acesso a assistênci­a médica ou ainda, nos casos que envolvem violência, buscando alojamento e medidas de proteção da integridad­e física e psíquica dos brasileiro­s”, ressalta nota oficial.

Desde o ano passado, o consulado também passou a oferecer um serviço de orientação jurídica gratuita e, mais recentemen­te, um serviço de assistênci­a psicológic­a. É importante destacar, ainda, a colaboraçã­o das ONGs, que defendem e levam conforto aos mais necessitad­os. Essa rede de apoio tem sido fundamenta­l para os imigrantes.

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