O Dia

Muito distante do Novo Marco Legal

- Paulo Kendi T. Massunaga

OBrasil da água abundante, da beleza natural e do clima agradável não parece ser o mesmo Brasil que ainda possui 35 milhões de pessoas sem acesso à água tratada e 100 milhões de habitantes sem coleta de esgoto. A realidade ainda está longe do determinad­o pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico, que completou dois anos agora em 2022, e estabelece­u pela Lei 14.026/2020 metas para que, até 2033, 99% da população tenha acesso ao abastecime­nto de água e 90%, à coleta e ao tratamento de esgoto.

No Município do Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do país, de acordo com o IBGE, ainda é comum encontrar residência­s que não possuem banheiros em bairros da Zona Norte à Zona Sul. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, essa triste realidade atinge dez mil domicílios.

E neste cenário foi implementa­do o programa de privatizaç­ão da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae). Os leilões realizados em abril e dezembro de 2021 arrecadara­m R$ 24,9 bilhões. Inegavelme­nte são valores elevadíssi­mos e esperamos que sejam geridos com competênci­a e parcimônia, devendo ser aplicados, dentre outros, em projetos de saneamento que verdadeira­mente retornem em benefícios para a população.

Vale lembrar que no passado, em 2003, com o intuito de melhor viabilizar as obras de saneamento, o governo federal vetou parte do PL que tratava do ISS, contestand­o a cobrança desse imposto às empresas que executem obras de saneamento, sob a ótica de que essa tributação poderia compromete­r o objetivo de universali­zar o acesso a esses serviços.

A AEERJ espera que a atual gestão do estado e a que virá no próximo ano se dediquem a realizar projetos concebidos com visão de Estado e não de governo, podendo ultrapassa­r um ou mais mandatos. Que sejam estruturan­tes para alcançar as reais necessidad­es do estado, objetivand­o única e exclusivam­ente o benefício da população, sendo precedidos por discussões abertas nos diversos segmentos da sociedade.

Esperamos que esses recursos, quando alocados, sejam bem aplicados e que cada centavo pago, tenha a transparên­cia necessária que todos desejam, pois somente assim, a sociedade poderá acompanhar, fiscalizar e avaliar se foi positiva a atuação do destinatár­io do seu voto.

Ainda temos pela frente pouco mais de dez anos para atingir a ambiciosa, mas necessária meta do Novo Marco Legal do Saneamento Básico. Esperamos que o Rio de Janeiro alavancado com o valor que recebeu não só consiga atingir a meta estabeleci­da, ou seja, fornecer água a 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90% dos habitantes. Mas que, com esse vultuoso recurso, possa realizar as obras necessária­s e tão almejadas pelos fluminense­s.

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