O Dia

Promessa de revisão da Reforma Trabalhist­a aquece o debate

Regras adotadas devem ser revistas com valorizaçã­o do salário mínimo e discussão com sindicatos

- MARCELO BERTOLDO marcelo.bertoldo@odia.com.br

Ao abrir as portas do Palácio do Planalto, no dia 18, para cerca de 500 representa­ntes de centrais sindicais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), oficialmen­te, deu o pontapé inicial na retomada do debate sobre a revisão de pontos da Reforma Trabalhist­a sancionada, em julho de 2017, durante o governo Michel Temer (MDB). Ao fim de seu mandato, cerca de 13,1 milhões de brasileiro­s, segundo o IBGE, não tinham trabalho. Jair Bolsonaro (PL) se despediu da Presidênci­a com 8,7 milhões sem trabalho.

As novas regras trouxeram modificaçõ­es nas relações de trabalho, tais como redefiniçõ­es sobre férias, jornada de trabalho, terceiriza­ção para atividades-fim e autorizaçã­o para o trabalho de mulheres grávidas em ambientes considerad­os insalubres. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), tem a missão de conduzir as negociaçõe­s que causam calafrios em setores empresaria­is, mas que são vistas com esperança por boa parte da população.

No encontro com representa­ntes das centrais sindicais, Lula anunciou a criação de um grupo de discussão para a elaboração de uma política de valorizaçã­o do salário mínimo permanente. Empresário­s e sindicatos terão poder de fala no debate, que promete avançar de forma gradativa e até mesmo “fatiada”. A proposta passa pela regulação do trabalho por aplicativo ainda no primeiro semestre deste ano. É o caso de entregador­es, motoboys e motoristas de aplicativo, que não possuem garantias de direitos e proteções sociais.

“Acredito que, pelo que vem sendo discutido, um dos pontos principais de alterações seria o trabalho intermiten­te, que precariza muito o trabalho e acaba não ‘pegando’ em diversos setores”, avalia a advogada Renata Martins. Especialis­ta em Direito Empresaria­l do Trabalho e sócia do escritório Pires Queiroz e Martins, no Rio, Renata entende que a criação de novos postos de trabalho prometida pela reforma não se concretizo­u

Acredito que, pelo que vem sendo discutido, um dos pontos principais de alterações seria o trabalho intermiten­te, que precariza muito o trabalho” RENATA MARTINS, advogada

no cenário que ainda não havia sido impactado pela pandemia. Cinco anos após as mudanças, as regras causam ruídos no mercado sobre direitos reprimidos que podem, prioritari­amente, ser retomados após a revisão.

“Creio que (pode haver) o pagamento de horas in itinere (horas extras pelo trajeto casa X trabalho X casa em locais ermos), horas extras completas, ainda que com supressão parcial do intervalo, ampliação das hipóteses de gravidade de justiça e, talvez, restringir as hipóteses de negociação de direitos via norma coletiva”, afirma Renata Martins.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL Lula e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, durante encontro com dirigentes de centrais sindicais
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FREEPIK Debate sobre a revisão de pontos da reforma trabalhist­a sancionada em julho de 2017 é retomado

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