Prédio histórico do Colégio Pedro II sofre com problemas estruturais
Falta de reforma faz escola inutilizar espaços importantes para alunos, como bibliotecas e salões
Durante uma forte chuva no início do ano, a cobertura da quadra de esportes da unidade do Colégio Pedro II, no Centro do Rio, foi atingida por uma árvore. O Salão Nobre, o Laboratório de Química e a Quadra de Esportes precisaram ser interditados. De acordo com pais e alunos, há outros problemas que afligem a escola, que atende cerca de mil estudantes: infiltrações, mofo e até desabamento de teto.
A origem da unidade remonta ao Colégio dos Órfãos de São Pedro, criado em 1739 e posteriormente chamado Seminário de São Joaquim (1766). Funcionando como um polo de cultura, o local ganhou mais relevância na expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759. A partir desse episódio, a educação dos jovens se limitou à instrução doméstica com professores e aos seminários ligados às paróquias locais, como o São Joaquim.
A escola Pedro II só passou a funcionar a partir de 1837, data de sua fundação. De todas as unidades, o edifício do Centro é o mais antigo da instituição, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH).
O filho de Melissa Teixeira, de 16 anos, entrou em 2018 e está no primeiro ano do Ensino Médio. Ela sempre quis que ele estudasse no Pedro II por ser uma referência no estado, mas não escondeu a tristeza de ver um local histórico depreciado desta forma. “Assim que o João entrou, uns meses depois, a biblioteca já precisou ser interditada. Um prédio como aquele, de fato precisa de algumas reformas, mas por ficar sob responsabilidade de um órgão apenas, até a troca de um parafuso precisa de autorização.”
Segundo Melissa, a biblioteca teve que ser realocada para uma sala pequena, onde nem todos os livros cabiam. “Os alunos não tinham a mesma estrutura, com mesa de estudo e tudo mais. O problema é estrutural mesmo. Quem entra ali percebe que a escola precisa de reforma, de manutenção, coisa que não está acontecendo”, comenta.
“Algo que é bem notório são os cortes na Educação. Meu filho conta que quase metade do edifício é inabitável. Tem salas que não são utilizadas por falta de reparos. A gente soube de uma que parte do teto caiu. O colégio é lindo, a arquitetura é linda e até por isso a gente fica ainda mais triste com essa situação”, desabafou Melissa.
Maria Prieto, 16, aluna no nono ano, relatou outros problemas. “Ele (prédio) passou por muita coisa já, chuva, queda de árvores. Tem uma escada lá que os degraus estão desgastados de tanto aluno que pisa ali, normal. Mas o maior problema mesmo para mim é o teto.”
O aluno Rennan Guimarães, 16, integrante do Grêmio Estudantil, e também do nono ano, contou que se entristece com a situação do colégio. “Está em condições precárias. É mais frustrante ainda quando paramos e pensamos no valor histórico que o local carrega. Acredito que isso vem por causa da má administração que o antigo governo fez. O básico é a Educação; sem escola, aluno, professor, não conseguimos criar uma sociedade.”
Rennan apontou que a unidade de Realengo também está sofrendo com a precariedade. “O nosso edifício é tombado, tem um salão nobre lindo e histórico. Queremos ter voz e espaço”, reivindica.
De acordo a direção do Pedro II, os pontos mais importantes para reforma são: a restauração das coberturas, para resolução definitiva dos diversos problemas do telhado que causam infiltrações, e a inserção de sistema de segurança adequado para manutenção; a atualização da infraestrutura elétrica; e a adequação dos dispositivos de proteção contra incêndio e pânico. Esta última será iniciada este ano.
Sobre as situações do prédios relatados, a instituição informou que foram reportadas à Reitoria que, junto à Direção do Campus, buscará recursos para solucionar as questões de infraestrutura. Ressaltou também que, por se tratar de instituição federal de Educação, dependem de decisões e recursos de esfera federal.
O Iphan informou que tombou a edificação em 1983 e os bens tombados estão sujeitos à fiscalização realizada pelo instituto para verificar as condições de conservação.
Algo que é bem notório são os cortes na educação. Tem algumas salas que não são utilizadas por falta de reparos” MELISSA TEIXEIRA, mãe de aluno do Ensino Médio