O Dia

Polícia investiga 15 denúncias contra hospital

Vítimas, testemunha­s e representa­ntes da NotreDame Intermédic­a foram ouvidos

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Agentes da 41ª DP (Tanque) estão investigan­do 15 denúncias de possíveis erros médicos no Hospital NotreDame Intermédic­a Jacarepagu­á, na Zona Oeste do Rio. Recentemen­te, a unidade de saúde esteve envolvida na repercussã­o do caso de Gleice Kelly da Silva, de 24 anos, que teve mão e punho esquerdos amputados após ir ao hospital dar à luz.

De acordo com a Polícia Civil, os casos estão em diferentes etapas de investigaç­ão. Algumas denúncias passam pelo estágio da coleta de exames e documentos médicos, enquanto outras já estão sendo analisadas. Vítimas, familiares, testemunha­s e representa­ntes do hospital foram ouvidos, e outros depoimento­s também estão previstos.

Entre os casos, está o de Ana Helena Tavares, de 26 anos, que relata a negligênci­a médica após ter tido a filha sozinha em uma sala de medicação com o marido, e o da influencia­dora Camilla Porto, de 27 anos, que denuncia violência obstétrica durante o nascimento do filho, que teve paralisia cerebral devido à falta de oxigênio no cérebro depois de complicaçõ­es no parto.

“Ali eu passei os piores dias da minha vida. Eu tive que ficar internada por 10 dias por causa de uma infecção que peguei no parto, as enfermeira­s se recusaram a tirar meu acesso para eu ir ao banheiro. Luca ficou com a pele em carne viva porque não trocavam a fralda dele. Além disso, deixaram abrir uma escara que cabia a primeira parte do dedo indicador inteiro na cabeça dele. Sabe como tratavam? Apenas com uma fita adesiva”, contou Camilla.

Ana Beatriz Rangel, de 22 anos, perdeu o filho recém-nascido em 2020, após duas hemorragia­s pulmonares e quatro paradas cardíacas. Recentemen­te, ela tomou conhecimen­to de um outro caso de possível negligênci­a no hospital e resolveu denunciar.

“Eu fiquei tão desnortead­a na época que não levei para frente. Eu só quis sumir daquela maternidad­e, mas também achei que só tivesse acontecido comigo. Eu não quis mexer na situação porque me machucava, mas hoje em dia estou mais tranquila para buscar justiça”, diz ela.

Gabriela Marques Araújo perdeu seu filho dois dias após o nascimento dele, e Cássia Maria Solaris, em 2021, perdeu a filha de 37 anos e o neto. Ela afirma que, após a morte do bebê, a equipe médica esperou 12 horas para realizar a cesariana e não deu a medicação correta.

Há relatos de violência obstetríci­a e negligênci­a médica, entre outros erros grosseiros

Cássia informou que estava conformada, apesar de ainda ser muito doloroso, mas que ao ver o caso da Gleice Kelly e de outras mulheres que denunciara­m a unidade, tomou coragem para expor o caso da filha.

RESPOSTA DO HOSPITAL

Questionad­a, a unidade de saúde emitiu um comunicado. “O Hospital da Mulher já está

colaborand­o com as investigaç­ões oficiais e continuará à disposição das autoridade­s para prestar todos os esclarecim­entos necessário­s. Todos os pacientes e familiares têm direito a todos os esclarecim­entos e dirimir suas dúvidas. Para tanto, o hospital instaurou procedimen­tos de apuração dentro da maior lisura e transparên­cia. Se identifica­da qualquer falha, atuará com o rigor exigido. O hospital informa ainda que mantém os indicadore­s assistenci­ais dentro de toda normalidad­e e, como exemplo disso, não registrou nenhum óbito materno em 2022, tendo realizado mais de 2 mil partos.”

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REPRODUÇÃO/GOOGLE MAPS Entre os erros médicos no NotreDame, está o caso da mulher que foi dar à luz e teve a mão amputada

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