O Dia

‘Não há evolução quando só existe consenso’

- RODRIGO BACELLAR, PRESIDENTE DA ALERJ O DIA,

Político de ascensão meteórica, em seu segundo mandato como deputado estadual, o campista Rodrigo Bacellar foi eleito como presidente da Alerj na última quinta-feira (2), com o apoio de 56 parlamenta­res. Dos 26 mil votos conquistad­os em 2018, o advogado de formação voltou ao parlamento com o capital multiplica­do, tendo recebido quase 98 mil votos em 2022. Nesses quatro anos, passou pelas comissões de Constituiç­ão e Justiça, de Orçamento, relatou a abertura do impeachmen­t de Wilson Witzel e foi secretário de Governo. Em entrevista a Bacellar fala sobre a disputa que quase enfrentou e pontua: “não há evolução quando só existe consenso”.

O DIA: Que mudanças, se alguma, o senhor pretende implementa­r na Alerj?

Bacellar: Queremos uma Alerj ainda mais próxima e conectada aos cidadãos de todas as regiões do nosso estado. Já estamos trabalhand­o nesse sentido, mas também anunciarem­os ações após dialogar com os deputados e deputadas. Certamente será uma gestão de portas abertas para todas as pautas de todos os grupos e partidos. Nossa passagem pela Secretaria de Estado de Governo demonstrou que sou adepto da gestão participat­iva. Foi assim que ampliamos programas importante­s como o Segurança Presente e criamos o RJ Para Todos.

Até a desistênci­a de Jair Bittencour­t e a consolidaç­ão da chapa única, a eleição foi acirrada. Como pacificar a Assembleia?

Eu desde o início achei salutar a divergênci­a. Fui criado em sindicato, meu pai foi um líder sindical. Convivo desde pequeno com debates e ideias diferentes. Mas ao mesmo tempo sou um grande defensor do diálogo. E no final valeu o entendimen­to e venceu a maioria, que já estava consolidad­a, caminhando de forma democrátic­a e respeitosa. Da minha parte não há qualquer sentimento de revanchism­o. Agora é olhar pra frente e trabalhar. É isso que a população espera de nós.

Tendo feito parte do governo, como o senhor vê o equilíbrio

entre o bom relacionam­ento e a independên­cia dos Poderes?

O nosso estado avançou muito nos dois últimos anos graças ao diálogo e harmonia entre os poderes. O governador Cláudio Castro tem um estilo agregador. Mas é preciso destacar sempre a independên­cia e o papel de cada um, com respeito e equilíbrio. E, como tenho dito, muitas vezes a divergênci­a nos mostra caminhos a seguir. É natural que, em muitos momentos, o Parlamento discorde de medidas do Executivo. E é exatamente nessa hora que precisamos sentar, debater e encontrar caminhos. Não há evolução quando só existe consenso.

Qual é o significad­o de ter um político do Norte Fluminense no comando da Assembleia?

Como deputado e, também, na Secretaria Estadual de Governo, sempre fui uma voz em defesa do Norte Fluminense. Uma região que terá um papel importante no desenvolvi­mento econômico do nosso estado. Podemos citar o Porto do Açu, em São João da Barra, que na verdade é muito mais do que um porto. É hoje o principal vetor de cresciment­o do estado e o maior complexo porto-indústria de águas profundas da América Latina, para se ter uma ideia. E vamos ter também, no Norte Fluminense, o Terminal Portuário de Macaé, um empreendim­ento que contempla diversas atividades logísticas e portuárias, distribuíd­as em diferentes unidades de negócios. Seguiremos olhando não só pelo Norte Fluminense, mas também pelas vocações de todas as regiões do nosso estado.

Quais são os temas prioritári­os desta legislatur­a?

Entre tantos temas, temos um compromiss­o inadiável: fazer uma verdadeira reforma tributária. Devemos aproveitar o cenário positivo para rever e aperfeiçoa­r os diversos regimes com foco na promoção do desenvolvi­mento, geração de emprego e renda. E tudo, logicament­e, debatido com todo setor produtivo e segmentos importante­s da sociedade.

Fui criado em sindicato, meu pai foi líder. Convivo desde pequeno com debates de ideias”

Olharemos não só pelo Norte do Rio, mas também pelas vocações de todas as regiões do nosso estado”

Uma grande renovação de quadros traz novas ideias, mas também pode causar conflitos. Como está a relação com os deputados de primeiro mandato?

Vamos ter uma Casa renovada e plural. E naturalmen­te vão surgir debates e conflitos. Mas a discordânc­ia é o primeiro passo para o desenvolvi­mento de uma ideia. Já me coloquei à disposição de todos os deputados e deputadas.

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JÚLIA PASSOS / ALERJ

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