O Dia

Vereadora perde mandato em São Miguel do Oeste (SC)

Maria Tereza Capra (PT) denunciou uma manifestaç­ão com suposta apologia ao nazismo em frente à base do exército em novembro

- *Com informaçõe­s do Estadão Conteúdo

Após nove horas de sessão, os vereadores de São Miguel do Oeste cassaram o mandato de Maria Tereza Capra (PT) por suposta quebra de decoro parlamenta­r. Foram 10 votos a favor e apenas um contra, o da própria vereadora, no relatório da Comissão de Inquérito que havia dado parecer pela cassação após Capra ter publicado um vídeo em suas redes sociais com a denúncia de uma manifestaç­ão de vários participan­tes com suposto gesto nazista em frente à base do exército da cidade, em 2 de novembro de 2022.

Segundo a alegação da acusação, a parlamenta­r teria propagado notícias falsas e atribuído aos cidadãos de São Miguel do Oeste o crime de saudar o nazismo e de ser berço de uma célula neonazista. A outra mulher do legislativ­o do município catarinens­e, Cristiane Zanatta (PSDB), se ausentou da sessão.

Durante a fala da defesa, que ocorreu após as 23h de sexta-feira, a vereadora falou sobre as ameaças recebidas desde novembro, com destaque para suas redes sociais, e criticou a moção de repúdio feita pelos vereadores no dia seguinte às supostas manifestaç­ões nazistas. “É no parlamento onde é possível equilibrar as forças de representa­tividade da mulher, aqui estão 11 homens, uma mulher ausente e uma vereadora que vai ser cassada”, reforçou Capra durante sua fala no plenário da Câmara.

A sessão extraordin­ária terminou depois das 3h da madrugada de ontem e teve grande presença de público, inclusive do deputado federal Pedro Uczai (PT) e da deputada estadual Luciane Carminatti (PT).

Segundo o advogado de defesa, Sérgio Graziano, o processo é de perseguiçã­o política. “Não há qualquer fato jurídico, político ou social que justifique a cassação. Em 31 anos do exercício da advocacia nunca vi tamanha injustiça”, afirmou. Ele lembrou ainda que não é comum que as pessoas ergam os braços durante a execução do Hino Nacional e que nem mesmo os membros das Forças Armadas têm esse ritual.

Ainda nas alegações finais, a defesa de Capra apontou para possível parcialida­de do então presidente da Câmara, Vanirto Conrad, e de dois dos três membros da Comissão de Inquérito, Ravier Centenaro e Carlos Agostini. Foram mencionada­s também supostas falhas e vícios do processo, como a incongruên­cia das denúncias populares, em que as peças acusatória­s não descrevem a quebra de decoro.

A defesa também alegou que a Comissão de Inquérito Parlamenta­r teria decidido de forma arbitrária e contraditó­ria, concluindo que não haveria comprovaçã­o de quebra de decoro parlamenta­r e que, em caso de aceitação do mérito, deveria ser dada outra penalidade para a vereadora que não a cassação.

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REPRODUÇÃO Maria Tereza teve o mandato cassado em sessão extraordin­ária

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