Oposição quer se favorecer da CPI do MST
Bolsonaristas querem visibilidade e um possível apoio do movimento do agro
Iniciada na terça-feira, na Câmara dos Deputados, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as invasões de integrantes do Movimento Sem Terra (MST) pelo Brasil começou com intensos bate-bocas e com um forte idealismo comandado por deputados bolsonaristas.
Tendo como ponto de partida o próprio presidente da CPI, o deputado federal Tenente-Coronel Zucco, que é investigado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul por suposto apoio aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, a chapa eleita para presidir a investigação tem na relatoria Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, e Kim Kataguiri na primeira vice-presidência.
Segundo avaliações de especialistas, os bolsonaristas devem usar a CPI para ganhar uma visibilidade não adquirida até o momento. Mas tal exibição pode ser de risco, já que vários deles são investigados em outras CPIs.
Além disso, eles devem tentar
conseguir apoio do agronegócio, para evitar punição pelo 8 de janeiro. No requerimento de abertura da comissão, os deputados afirmam terem sido motivados pelas recentes invasões do movimento em 2023. Já que, de janeiro a abril, o MST realizou 33 invasões de imóveis rurais no país - número recorde desde 2017.
Na CPI do MST, já ocorreram os primeiros confrontos entre a base governista e a oposição, com trocas de acusações e bate-boca. O mais exaltado foi deputado federal
Valmir Assunção (PT-BA), que se irritou com a fala de Éder Mauro (PL-BA).
“São poucos os assentados que realmente produzem alguma coisa. Queremos levantar quem está à frente desses atos criminosos, dessa marginalidade que invade terras produtivas”, afirmou Éder.
Assunção deu socos na mesa e avisou que não ficaria calado. “Sou deputado federal. Não sou marginal. Você não vai generalizar”, declarou.