O Dia

O bom combate do deputado Deltan Dallagnol

- Gastão Reis economista e palestrant­e gastaoreis­2@gmail.com

Apopulação tomou conhecimen­to, boquiabert­a, da cassação, por unanimidad­e, do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 16 de maio corrente. De superior pouco teve ao se apequenar ao nível do ocorrido com o STF, que ressuscito­u Lula politicame­nte nas palavras duras do ex-ministro do STF Marco Aurelio Mello. Aliás, o mesmo que criticou a decisão do TSE de cassar o deputado, sem base jurídica sólida, já que não havia processo formal instaurado contra ele quando ainda era procurador desta malfadada república, e pediu demissão do cargo.

Ao verificar o paulatino desmonte da Lava-Jato pelo STF, Dallagnol percebeu que a luta contra a corrupção havia assumido um caráter político. E que para combatê-la teria que ocupar uma tribuna eminenteme­nte política como a da Câmara Federal. Sua legitimida­de tem por trás quase 350 mil eleitores que votaram nele para levar adiante seu combate diuturno e necessário.

Ainda está viva em nossa memória o que aconteceu no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) poucos anos atrás. Dos seus sete membros, apenas um, uma mulher, não foi afastada por atos de corrupção. Os demais foram aposentado­s, recebendo normalment­e seus proventos. Em qualquer conversa de cafezinho, as pessoas se perguntam por que não lhes é cobrada uma parte dos salários para ressarcir os cofres públicos da lesão praticada por eles, que deveriam ser seus guardiões.

É visível a sensação de que o STF e o TSE estão em modo liberou geral. A indignação popular vai num crescendo, refletindo o baixo grau

“Ministros do próprio STF, que elogiavam as iniciativa­s da Lava-Jato, viraram casaca, e se embrenhara­m pela chamada visão do garantismo judicial para arrefecer o ativismo judicial”

confiança que a população tem neles quando se trata de combater a corrupção. Ministros do próprio STF, que elogiavam as iniciativa­s da Lava-Jato, viraram casaca, e se embrenhara­m pela chamada visão do garantismo judicial para arrefecer o ativismo judicial. Na verdade, a tradição republican­a brasileira é de leniência com a corrupção, muito pouco ativa na hora de combatê-la.

Ainda como candidato, houve a tentativa, ao que se sabe pelo PT, de impugnar sua candidatur­a junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Curitiba (TRE-PR). E a decisão foi que nada havia que pudesse desaboná-la. Pois bem, na reunião do

TSE, em alguns minutos, todos votaram por sua descabida cassação, e foram comemorar. Um país em que membros da Justiça celebram um malfeito com sabor de vingança está a caminho de um basta a ser dado pela população.

Até o momento, a CPI contra o abuso de autoridade do STF e do TSE do deputado Marcel von Hatten (Novo/RS), já conseguiu quase meio milhão de adesões nas redes sociais. E mais 147 assinatura­s de seus pares, próximas das 171 necessária­s. O presidente da Câmara garantiu a Dallagnol ampla defesa e já avisou que a cassação teria que ser referendad­a pela Câmara Federal.

Curiosamen­te, o revanchism­o contra quem se celebrizou pelo combate à corrupção parece ser o novo alvo, cujo objetivo é calar as vozes que se levantam contra a inversão de valores em que os mocinhos viram bandidos. Dar risada na cara do povo é o estopim para a reação que se faz necessária. Mãos à obra.

Nota: Google “Dois Minutos com Gastão Reis: Obras públicas sem roubalheir­a”. Ou pelo link: https://www.youtube.com/ watch?v=3oS8uXwKCY­E&t=9s

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ARTE KIKO

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