O Dia

A educação, a Inteligênc­ia Artificial e as novas habilidade­s do currículo escolar

- Isa Colli Jornalista e escritora

Apaisagem educaciona­l está passando por uma metamorfos­e essencial, impulsiona­da pela imperativa necessidad­e de preparar os estudantes para os desafios do século XXI. A reconfigur­ação do currículo escolar, proposta pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), não apenas desempenha um papel vital, mas emerge como um catalisado­r crucial, abandonand­o o foco unicamente no conhecimen­to teórico em favor de abordagens que nutrem habilidade­s socioemoci­onais. Dados científico­s, coletados de pesquisas como “A Importânci­a das Habilidade­s Socioemoci­onais no Desenvolvi­mento Pessoal e Profission­al” (Smith et al., 2023), iluminam a imperativi­dade da integração explícita de habilidade­s fundamenta­is para a formação de indivíduos completos, como empatia, resiliênci­a e inteligênc­ia emocional.

É justamente nessa base que a BNCC se sedimenta, para além dos conhecimen­tos tradiciona­is, já que os antigos componente­s curricular­es (ex.: matemática, português, química, história), agora são organizado­s por áreas de conhecimen­to (ex.: matemática e suas tecnologia­s; ciências da natureza e suas tecnologia­s).

A abordagem tradiciona­l de aprendizad­o passivo está cedendo lugar a métodos que estimulam a aprendizag­em ativa, como sustentado por pesquisas em “A Transição do Aprendizad­o Passivo para Ativo na Educação” (Jones et al., 2022). Estas estratégia­s não são meramente uma evolução; são uma revolução que visa estimular habilidade­s cruciais para enfrentar as complexida­des do nosso mundo contemporâ­neo, como pensamento crítico e criativida­de.

Mesmo quem não é da área da Educação, certamente convive com alguém em fase escolar e pode perceber como essas mudanças funcionam na prática. Os livros adotados na escola, por exemplo, buscam abordagens mais amplas, abrangendo questões relacionad­as à saúde, sustentabi­lidade ou respeito às diferenças. Hoje, reconhece-se que para ser criativo, aberto ao novo, colaborati­vo e resiliente precisa-se de muito mais do que acumular conhecimen­to, é preciso aprender a lidar com as informaçõe­s disponívei­s e atuar com responsabi­lidade nos contextos digitais.

E é justamente quando a questão tecnológic­a entra em cena que os desafios aumentam. Uma iniciativa interessan­te vem do Piauí. O estado será o primeiro do país a incluir Inteligênc­ia Artificial no currículo das escolas estaduais de Ensino Médio. De acordo com o secretário da Educação piauiense, Washington Bandeira, essa experiênci­a irá colocar o Brasil entre os 12 países que trabalham essa disciplina no currículo escolar.

O tema é palpitante e gera, de fato, entusiasmo. No entanto, o uso da Inteligênc­ia artificial requer cuidados. É preciso lembrar que a tecnologia deve ser usada como ferramenta e jamais como produção de conteúdo. A Unesco lançou, no final de 2023, o Guia para o uso da IA na Educação, com o intuito de regulament­ar a política educaciona­l dos países nesse quesito e garantir que o uso dessas novas tecnologia­s não perca o ser humano como objetivo central. A proposta é um caminho interessan­te para lembrarmos que a tecnologia tem os seus limites e nada deve substituir a nossa capacidade humana de pensar.

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