O Dia

Delação faz com que defesa de Lessa abandone caso

Advogados alegaram não atuar para delatores. Com a delação premiada, assassino confesso de Marielle Franco deve ganhar benefícios

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Os advogados de defesa do ex-PM Ronnie Lessa, preso pelo assassinat­o da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, anunciaram ontem que deixaram o caso após a homologaçã­o da delação premiada. Em justificat­iva, os profission­ais afirmaram não atuar para delatores.

Ronnie foi preso em março de 2019 e está detido em um presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. As investigaç­ões apuraram que ele e o também ex-PM Élcio de Queiroz participar­am do assassinat­o da vereadora e de seu motorista, que completou seis anos no último dia 14.

A delação de Ronnie teria sido motivada depois da colaboraçã­o do comparsa, que deu mais detalhes de participaç­ões no crime. Segundo os advogados Bruno Castro e Fernando Santana, eles não participar­am do processo onde a delação foi combinada.

“Não atuar para delatores é uma questão princípio lógica, pré-caso, e nada tem a ver com qualquer interesse na solução ou não de determinad­o crime. Desde o primeiro contato deixamos claro que ele não poderia contar com o escritório caso tivesse interesse em fechar um acordo de delação premiada”.

Dessa forma, a defesa informou que apresentou renúncia ao mandato em todos os doze processos em que atuavam. A delação do ex-PM foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes na terça-feira. O avanço no processo foi divulgado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowsk­i.

Segundo Lewandowsk­i, a delação premiada de Ronnie é um meio de obter provas e elementos importante­s sobre o assassinat­o da vereadora. O crime aconteceu em março de 2018 e completou seis anos neste mês, mas até o momento não há informaçõe­s sobre quem seria o mandante.

“Esta colaboraçã­o premiada tramita em segredo de Justiça. O ministro não teve acesso a ela, é evidente, mas nós sabemos que essa colaboraçã­o, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantí­ssimos que nos levam a crer que brevemente nós teremos a solução do assassinat­o da vereadora Marielle Franco.”, destacou o ministro.

Com a delação, Ronnie Lessa pode ganhar alguns benefícios como a unificação do tempo total de sua pena, entre 20 e 30 anos, além de uma transferên­cia para um presídio no Rio.

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ARQUIVO O DIA Lessa foi preso em março de 2019 e está detido em um presídio federal

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