O Dia

O orçamento público na busca por igualdade para mulheres

- Heloisa Aguiar Secretária de Estado da Mulher do Rio Adilson Faria Secretário de Estado de Planejamen­to e Gestão do Rio

Nos últimos anos, dar flores para as mulheres no 8 de março, Dia Internacio­nal da Mulher, tem virado polêmica. E que bom! Não dê apenas flores. Dê voz e ações concretas. A última edição do Relatório Global de Desigualda­de de Gênero 2023 do Fórum Econômico Mundial mostra uma estagnação dos índices da igualdade de gênero em relação aos anos anteriores: seguindo no ritmo atual, alcançarem­os a paridade em 131 anos. O cálculo é feito analisando problemas que são sistêmicos. O que significa que precisamos de uma resposta sistêmica.

Compreende­mos que o orçamento e o financiame­nto das políticas públicas representa­m o núcleo central da gestão. Nesse sentido, estamos implementa­ndo o chamado Orçamento Sensível a Gênero (OSG), em parceria com a Fundação Tide Setúbal.

Após a criação da Secretaria da Mulher (SEM-RJ), em janeiro de 2023, o Poder Executivo Estadual regulament­ou leis voltadas para as mulheres, que, apesar de sancionada­s, ainda não haviam sido tiradas do papel. Uma das leis mais importante­s diz respeito ao Orçamento da Mulher. Para isso, trabalhamo­s para a publicação da Lei Estadual Nº 9.060/2020, que determina a publicação do relatório da execução desse orçamento.

Com a criação da SEM-RJ pelo governador Cláudio Castro, uma das prioridade­s estabeleci­das, junto à Secretaria de Planejamen­to e Gestão, era regulament­ar essa legislação. Assim, foi criado o Comitê de Apuração do Orçamento Mulher, composto por órgãos estaduais e responsáve­l pela seleção de ações que deverão constar no relatório, anualmente, segundo cinco eixos: assistênci­a social e garantia de direitos; saúde; segurança; autonomia econômica; e educação e cultura. Criado o Grupo de Trabalho, liderado pela Seplag-RJ, em parceria com a SEM-RJ, o próximo passo será mapear todas as ações, projetos, programas e políticas estaduais, com recorte de gênero do estado.

O Orçamento da Mulher é uma grande conquista, pois gera maior visibilida­de dos investimen­tos públicos voltados às mulheres, permitindo que a sociedade acompanhe e fiscalize tais investimen­tos.

O controle social sobre o Orçamento Mulher torna-se mais efetivo, uma vez que os relatórios anuais servirão como um instrument­o ainda mais qualificad­o para avaliar o quanto as políticas para as mulheres necessitam ser ampliadas ou redirecion­adas, em sua atuação.

No Brasil, uma das primeiras experiênci­as de adoção do OSG foi o projeto “Orçamento Mulher: Controle Social e Equidade de Gênero”, formulado pelo Centro Feminista de Estudos e Assessoria, em parceria com organizaçõ­es de mulheres negras e de feministas. Esse projeto se mostrou mais impactante do que o esperado, provocando mudanças no processo orçamentár­io federal e contribuin­do para institucio­nalização e recentes avanços.

O Rio de Janeiro é o estado com a maior presença de mulheres em todo o país, com 52,8% de sua população total. Nesse sentido, pautar políticas para as mulheres é ainda mais importante e significa acreditar em um futuro de desenvolvi­mento e oportunida­des para toda a sociedade fluminense. E é assim que acreditamo­s que se faz política pública, com união de forças e articulaçã­o entre as instituiçõ­es governamen­tais, as não governamen­tais e a academia, com atenção à inovação de metodologi­as e ferramenta­s de gestão.

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