Covarde. Indigno do cargo!
foi forjada pelo pavor e pelo desespero dos que não têm a dimensão histórica do que é ter sido Presidente da República. Absolutamente humilhante um ex-presidente, com medo, pois sabe o que fez, ir se esconder na Embaixada da Hungria, por dois dias, colocando o Brasil em posição de tristeza e de rebaixamento institucional. É asqueroso esse grupo que governou o Brasil.
No mesmo dia em que o país prende alguns milicianos que mandaram matar Marielle, somos submetidos a um vexame internacional. Imagens vindas a público pelo New York Times mostram um ser repugnante buscando refúgio em uma embaixada. Escondendo-se. Com medo. Talvez a cena mais degradante de um dignatário brasileiro. Que horror. Que vergonha. Que afronta.
Sempre defendi que o cidadão tem o direito de fugir e de não se submeter a uma ordem de prisão e isso não deveria ser motivo para fundamentar a custódia preventiva. Sou coerente. O maior ministro do Supremo Tribunal, Sepúlveda Pertence, tinha votos nesse sentido. Mas o STF mudou a jurisprudência e o ato do ex-presidente se enquadra perfeitamente na hipótese de uma prisão preventiva. Penso até que vai tumultuar o quadro político, mas chega de tanta humilhação com a figura da Presidência da República e de tanto acinte aos poderes constituídos, especialmente à Suprema Corte.
Bolsonaro, embora com milhões de seguidores, tem que ser contido. Se não pela ética e pelo respeito ao cargo que ele ocupou, pela necessidade de manter a estabilidade democrática. Ele usurpa a dignidade.
Remeto-me a poesia de Miguel Torga: “Guarde a sua desgraça Ó desgraçado.
Viva já sepultado
Noite e dia.
Sofra sem dizer nada.
Uma boa agonia deve ser lenta, lúgubre e calada.”