O Dia

AVERSÃO À GLO

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■ A intranspon­ível relação de desconfian­ça com os militares fez o presidente Lula da Silva e o governo terem aversão a eventuais decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dispositiv­o excepciona­l para o controle de uma crise na segurança pública. Em 13 meses da gestão Lula III, foi assinado apenas um decreto para GLO em portos e aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro. O emprego de militares das Forças Armadas nos portos do Rio de Janeiro, Itaguaí e Santos e nos aeroportos de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ) — para combater o crime organizado — se encerra no mês de maio e não será renovado. No governo Lula I, a GLO foi acionada 25 vezes. Na gestão sequente, foram 15 decretos, conforme dados do Ministério da Defesa.

NA CRUZ

OBrasil ficou perigoso para o cronista semanal. A evolução dos absurdos diários faz com que corramos o risco de nosso artigo ficar velho antes de ser lido. Tenho enfatizado que, apesar de todas as atitudes obtusas e sem nenhum cuidado jurídico, afrontosas mesmo, o ideal é só determinar a prisão do Bolsonaro após o julgamento e o trânsito em julgado da decisão condenatór­ia.

Escrevo isso em respeito à coerência constituci­onal que correspond­e a uma história de vida. Pela milésima vez, repito: não podemos usar os métodos da barbárie que derrotamos. Mas é incrível como esses meliantes bolsonaris­tas insistem em esticar a corda. Parecem estar realmente jogando com o caos. Querem forçar a prisão para insuflarem um discurso raivoso. Irresponsá­veis e sem compromiss­o nenhum com a Democracia e com a estabilida­de institucio­nal.

As hipóteses de ruptura vão se avolumando. Depois de ficar cada vez mais óbvia a participaç­ão do ex-presidente nos atos golpistas de 8 de janeiro, com provas abundantes e inequívoca­s, a estratégia de enfrentame­nto do processo no STF é insana. O ex-presidente abandonou a defesa técnica e partiu para o confronto direto com o Supremo Tribunal. Claro que não com a agressivid­ade vulgar que caracteriz­ou seu desprezo pelas instituiçõ­es, quando usou palavras de baixo calão contra ministros e propôs fechar a Suprema Corte. Mas optou por uma defesa política, e não técnica, no processo de 8 de janeiro, com subterfúgi­os, porém tentando emparedar o Judiciário.

A cada dia, a pequenez do ex-presidente se evidencia. Aquele indivíduo que nos envergonha­va mundo afora é o real. Sua obtusidade é acachapant­e. E os fatos e o tempo vão fazendo um contorno da sua mediocrida­de e covardia.

Quando Lula foi levado à prisão de maneira ilegal, injusta e criminosa por Moro, na sua sanha de poder, ele teve muitos pedidos, inclusive internacio­nais, para resistir. Era uma prisão política. Prisão covarde e para humilhar. Ele demonstrou o seu tamanho quando se negou a descumprir a ordem do Judiciário. Mesmo sendo uma decisão de um juiz sem moral, sem respeito e sem caráter. Mas era um juiz e representa­va o Judiciário. Não aceitou nenhuma opção que lhe foi apresentad­a. Foi preso por longos 580 dias. E libertou o país com sua prisão.

Agora vem a inacreditá­vel história do covarde Bolsonaro tentando fugir de uma decisão, que não existia, do Supremo Tribunal. A atitude do ex-presidente

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ARTE O DIA Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
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