O Dia

Fiscalizaç­ão começa amanhã

Ontem, havia muitos camelôs no local. Previsão é de que a fiscalizaç­ão da feira tenha início amanhã

- ROBERTA SAMPAIO roberta.sampaio@odia.com.br

Após o decreto da prefeitura que criou a Feira de Ambulantes da Rua Uruguaiana com 75 comerciant­es, a movimentaç­ão na região, ontem, não era diferente do que a de costume. Com produtos expostos no chão e nos quiosques, os camelôs mantiveram as vendas.

Segundo o decreto, os ambulantes só estão autorizado­s a trabalhar no espaço que foi destinado pela prefeitura. A previsão é de que a fiscalizaç­ão da feira comece a valer a partir de amanhã.

No fim de fevereiro, o prefeito Eduardo Paes, em decisão conjunta com o governador Cláudio Castro (PL), proibiu os ambulantes depois de a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) descobrir que camelôs eram obrigados a pagar uma taxa semanal de R$ 100 para poderem utilizar o espaço para trabalhar.

Segundo a prefeitura, a medida tem como objetivo coibir a comerciali­zação de itens roubados ou de origem desconheci­da. No entanto, a decisão que regulament­a o espaço na calçada do trecho entre as ruas Buenos Aires e da Carioca não agradou aos vendedores.

Desde os 13 anos, o comerciant­e Wellington Carneiro, de 35 anos, acompanhav­a os pais durante a rotina de trabalho na Uruguaiana. Atualmente, as vendas de mochilas são comandados por ele.

Ambulante há 9 anos, o rapaz está entre os que não foram selecionad­os para continuar no local. “Eu nem sei o que fazer porque tenho cinco filhos e dependo disso aqui. Tudo que eu sei fazer é trabalhar aqui de camelô, minha mercadoria não é pirata, eu tenho nota dos produtos, eu compro no meu CNPJ, eu sou microempre­endedor e não sei o que fazer. Na segunda-feira, eu venho trabalhar e vou até o fim nessa luta. É um absurdo tirarem a gente daqui depois de nove anos, sem dar uma explicação ou um suporte”, lamentou em entrevista ao

Vendedor de balas e biscoitos, Maycon Gomes, de 33 anos, está na região há 15 e seu nome está na lista dos comerciant­es autorizado­s. No entanto, explicou que o processo não foi fácil e que não foi orientado de como funcionari­a o novo espaço. “Eu fui lá e levei os documentos, perguntei como seria

DIA.

essa nova forma e se na segunda-feira já estaríamos nesse novo formato, mas nem eles sabem e disseram que tem uma análise de 15 dias a 1 mês, mas eu faço o quê? Não posso ficar parado, tenho dois filhos”, explicou.

Há um ano na Uruguaiana vendendo óculos, um dos comerciant­es, que preferiu não se identifica­r, explicou que entende a decisão da prefeitura em proibir as mercadoria­s piratas ou roubadas. No entanto, esclarece que a vontade da maioria dos ambulantes é ser regulariza­do. Segundo ele, centenas de camelôs tentam, há anos, adquirir a licença para trabalhar. “Esse planejamen­to foi feito de forma errada, eles afirmam que só pode ter 75 pessoas, mas se todo mundo se organizar, cabe. Eu concordo que aqui é bagunçado e desorganiz­ado, mas não é culpa nossa porque todo mundo quer organizar e se regulariza­r”.

 ?? CLEBER MENDES ?? Segundo o decreto da Prefeitura do Rio, 75 ambulantes estão autorizado­s a trabalhar somente no espaço que foi destinado ao grupo
CLEBER MENDES Segundo o decreto da Prefeitura do Rio, 75 ambulantes estão autorizado­s a trabalhar somente no espaço que foi destinado ao grupo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil