Fiscalização começa amanhã
Ontem, havia muitos camelôs no local. Previsão é de que a fiscalização da feira tenha início amanhã
Após o decreto da prefeitura que criou a Feira de Ambulantes da Rua Uruguaiana com 75 comerciantes, a movimentação na região, ontem, não era diferente do que a de costume. Com produtos expostos no chão e nos quiosques, os camelôs mantiveram as vendas.
Segundo o decreto, os ambulantes só estão autorizados a trabalhar no espaço que foi destinado pela prefeitura. A previsão é de que a fiscalização da feira comece a valer a partir de amanhã.
No fim de fevereiro, o prefeito Eduardo Paes, em decisão conjunta com o governador Cláudio Castro (PL), proibiu os ambulantes depois de a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) descobrir que camelôs eram obrigados a pagar uma taxa semanal de R$ 100 para poderem utilizar o espaço para trabalhar.
Segundo a prefeitura, a medida tem como objetivo coibir a comercialização de itens roubados ou de origem desconhecida. No entanto, a decisão que regulamenta o espaço na calçada do trecho entre as ruas Buenos Aires e da Carioca não agradou aos vendedores.
Desde os 13 anos, o comerciante Wellington Carneiro, de 35 anos, acompanhava os pais durante a rotina de trabalho na Uruguaiana. Atualmente, as vendas de mochilas são comandados por ele.
Ambulante há 9 anos, o rapaz está entre os que não foram selecionados para continuar no local. “Eu nem sei o que fazer porque tenho cinco filhos e dependo disso aqui. Tudo que eu sei fazer é trabalhar aqui de camelô, minha mercadoria não é pirata, eu tenho nota dos produtos, eu compro no meu CNPJ, eu sou microempreendedor e não sei o que fazer. Na segunda-feira, eu venho trabalhar e vou até o fim nessa luta. É um absurdo tirarem a gente daqui depois de nove anos, sem dar uma explicação ou um suporte”, lamentou em entrevista ao
Vendedor de balas e biscoitos, Maycon Gomes, de 33 anos, está na região há 15 e seu nome está na lista dos comerciantes autorizados. No entanto, explicou que o processo não foi fácil e que não foi orientado de como funcionaria o novo espaço. “Eu fui lá e levei os documentos, perguntei como seria
DIA.
essa nova forma e se na segunda-feira já estaríamos nesse novo formato, mas nem eles sabem e disseram que tem uma análise de 15 dias a 1 mês, mas eu faço o quê? Não posso ficar parado, tenho dois filhos”, explicou.
Há um ano na Uruguaiana vendendo óculos, um dos comerciantes, que preferiu não se identificar, explicou que entende a decisão da prefeitura em proibir as mercadorias piratas ou roubadas. No entanto, esclarece que a vontade da maioria dos ambulantes é ser regularizado. Segundo ele, centenas de camelôs tentam, há anos, adquirir a licença para trabalhar. “Esse planejamento foi feito de forma errada, eles afirmam que só pode ter 75 pessoas, mas se todo mundo se organizar, cabe. Eu concordo que aqui é bagunçado e desorganizado, mas não é culpa nossa porque todo mundo quer organizar e se regularizar”.