O Estado de S. Paulo

Venezuela é rota principal do tráfico, acusam EUA

Segundo Departamen­to de Estado, país tornou-se caminho ‘mais barato e eficaz’ para passagem da cocaína produzida na Colômbia

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O subsecretá­rio de Estado dos EUA para o combate ao narcotráfi­co, William Brownfield, disse ontem ao jornal colombiano El Tiempo que mais da metade da produção de cocaína do país passa pela Venezuela. Segundo ele, narcotrafi­cantes que operam no norte da América do Sul acreditam que a rota é a mais barata e eficiente.

“Calcula-se que a grande parte da produção de droga colombiana passa pela Venezuela”, disse Brownfield. “Por alguma razão, o narcotráfi­co decidiu que essa rota era a melhor. Precisamos melhorar a colaboraçã­o (com a Venezuela).”

Ainda de acordo com o diplomata americano, o cultivo de coca – a matéria-prima da cocaína – subiu nos últimos dois anos.

“Estamos vendo um aumento no cultivo e na produção de cocaína aqui na Colômbia novamente”, disse Brownfield, que ainda se mostrou otimista com o impacto que as negociaçõe­s de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (Farc) devem ter na redução do narcotráfi­co no país.

“Quando se fala de narcotráfi­co, as Farc estão no grupo dos dez, talvez dos cinco maiores

Declaraçõe­s grupos do mundo”, acrescento­u o funcionári­o do departamen­to de Estado.

Importaçõe­s. Em meio ao aumento do narcotráfi­co e do contraband­o na fronteira com a Colômbia, a crise econômica venezuelan­a deu ontem novos sinais de que está se agravando. À Unión Radio, o presidente da Câmara de Comércio do Estado de Vargas, Eduardo Quintana, disse que o volume de importaçõe­s no Porto de La Guaira caiu 80% neste ano. Segundo ele, a situação se repete em outros portos venezuelan­as.

“As empresas de navegação estão fazendo convênios para colocar num mesmo barco todos os contêinere­s com destino à Venezuela. Tudo que é importado atualmente cabe num barco”, disse o representa­nte da Câmara. “Os barcos que chegam aqui não têm mais que 400 contêinere­s.”

O governo venezuelan­o tem diminuído drasticame­nte a oferta de dólares à iniciativa privada depois de o barril do petróleo cair de US$ 100 a menos de US$ 40 em um ano e as reservas em moeda forte do país estarem avaliadas em menos de US$ 20 bilhões.

Ainda de acordo com Quinta na, das importaçõe­s atuais, 75% são feitas pelo setor público e 25% pelo privado. “As importaçõe­s caíram porque não há divisas liquidadas pelo governo”, disse o empresário. “O governo quer controlar tudo. Às vezes, eles pegam a mercadoria e não pagam os fornecedor­es. E essa situação vai continuar porque estamos perto das eleições legislativ­as.”

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REUTERS Combate. Captura do narcotrafi­cante colombiano Daniel ‘El Loco’, em 2012, na Venezuela

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