Teori vê indício de compra de voto por assessor de Collor
O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, entendeu haver suspeitas de que um assessor parlamentar do senador e ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTC-AL), Cleverton Melo Costa, teria comprado votos durante as eleições. Diante disso, o ministro determinou que as suspeitas contra ele fossem encaminhadas para a Justiça Eleitoral de Alagoas, onde serão investigadas.
Por ir para Justiça Eleitoral no Estado, a investigação não implica Collor em nenhum crime eleitoral, pois o senador só pode ser julgado pelo TSE. Collor já foi denunciado ao STF sob acusação de ter recebido R$ 26 milhões em propinas no esquema de corrupção na Petrobrás.
A decisão atende a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, após a Polícia Federal encontrar na residência de Cleverton, em Alagoas, um caderno “com anotações possivelmente referentes a compra de votos”, segundo o procurador-geral.
O material, resultado das buscas e apreensões realizadas na Operação Politeia, desdobramento da Lava Jato no Supremo que mirou em Collor e outros políticos com foro privilegiado realizada em julho do ano passado.
O material da busca, contudo, permanece sob sigilo e não há informação sobre em qual eleição há suspeita de compra de votos por parte de Cleverton. O material foi encaminhado ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas na semana passada e deve seguir nesta semana para o cartório do município de Marechal Deodoro, no interior do Estado.
Ao se deparar com a documentação, o ministro do Supremo concordou com a avaliação de Janot. “Examinada a documentação apresentada, constatou-se o possível envolvimento de Cleverton Melo da Costa na prática da conduta descrita no art. 299 do Código Eleitoral (compra de votos)”, assinalou Teori na decisão do último dia 5 de abril.
Comissionado. Cleverton trabalha desde 2007 como comissionado no gabinete de Collor no Senado. Atualmente ele ocupa o cargo de ajudante parla- mentar sênior, com um salário de R$ 3,7 mil. Ele foi denunciado ao Supremo em agosto do ano passado junto com Collor , acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, na Lava Jato.
A denúncia contra o senador alagoano e sua equipe é mantida sob sigilo na Corte. As investigações indicam que Collor recebeu R$ 26 milhões em propina entre 2010 e 2014 por um contrato de troca de bandeira de postos de combustível assinado pela BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás.
A reportagem encaminhou email ao gabinete do senador questionando sobre o funcionário, mas não obteve retorno.