O Estado de S. Paulo

Ministro pede para PGR rever inquérito que investiga Aécio

Após abrir procedimen­to sobre suspeitas envolvendo o tucano num esquema de propina em Furnas, relator acata defesa e para diligência­s

- Isadora Peron Gustavo Aguiar

Menos de 24 horas depois de autorizar a abertura de um inquérito contra o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendeu o andamento das investigaç­ões sobre suspeita de envolvimen­to do tucano em um es- quema de propina na estatal Furnas Centrais Elétricas.

Ele também pediu que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avalie se há realmente a necessidad­e do procedimen­to contra o senador.

O ministro acatou argumentaç­ão da defesa de Aécio de que não há elementos novos que justificam a instauraçã­o de um inquérito, já que os detalhes que constam na delação do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) já eram de conhecimen­to da Procurador­ia-Geral da República.

“A petição do parlamenta­r pode demonstrar que a retomada das investigaç­ões ocorreu sem que haja novas provas. Além disso, é possível que a manifestaç­ão satisfaça as diligência­s probatória­s postuladas pelo procurador-geral da República, possibilit­ando a imedia- ta formação de juízo acerca do destino da investigaç­ão, afirmou o ministro.

O suposto envolvimen­to de Aécio no esquema de Furnas havia sido mencionado anteriorme­nte pelo doleiro Alberto Youssef em delação premiada. Mas, na época, a menção ao tucano foi arquivada a pedido de Janot, que considerou na ocasião que as informaçõe­s do delator eram insuficien­tes.

Segundo o Estado apurou, a decisão de Gilmar pegou integrante­s da equipe de Janot de surpresa e foi considerad­a "inusitada". Eles argumentam que se o procurador-geral não achasse que a delação de Delcídio trouxe elementos novos sobre o caso de Aécio, ele não haveria pedido a investigaç­ão.

Aécio é investigad­o por suposto recebiment­o de propina de empresas terceiriza­das que mantinham contrato com Furnas. A vantagens indevidas seriam pagas pelas empresas ao ex-diretor da companhia, Dimas Toledo, que as repassava para o tucano. Na manifestaç­ão de defesa enviada por Aécio a Gilmar, o senador afirma que o Tribunal de Contas da União realizou auditoria nos contratos de terceiriza­ção da companhia e não constatou indícios de desvio. O tucano também esclareceu que seu avô e o avô de Dimas Toledo eram correligio­nários políticos, o que explica a amizade das famílias.

Conta. Em outra linha da investigaç­ão, está a suspeita de que recursos ilícitos oriundos do esquema fossem lavados no exterior por meio de uma empresa ligada à irmã de Aécio, bem como pelo envio de valores a conta em Lichtenste­in, utilizando o serviço de doleiros.

A defesa de Aécio alega que essa empresa foi aberta em 1993 e encerrou suas atividades em 1999, e não em 2010, o que faz com que a empresa estivesse fora de atividade na época em que

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Equipe. Senador tucano Aécio Neves (MG) durante a cerimônia de posse dos ministros do presidente em exercício, Michel Temer, no Palácio do Planalto
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