Gilmar relata outra solicitação para investigar Aécio
Presidente do STF repassa a ministro da Corte caso que envolve senador e o Banco Rural na época do mensalão
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, determinou o envio ao ministro Gilmar Mendes do pedido feito pela ProcuradoriaGeral da República para investigar o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), por suposta manipulação de dados do Banco Rural. Além de Aécio, o caso também envolve o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).
O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro Teori Zavascki como um desdobramen- to da Operação Lava Jato. Ao considerar que o caso não tem a ver com as investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobrás, o ministro Teori sugeriu
Empreiteiros Delcídio diz que o nome do ministro Ribeiro Dantas (foto) foi sugerido pelo presidente do STJ, Francisco Falcão, para favorecer empreiteiros alvo da Lava Jato. que o caso fosse redistribuído a Gilmar, que já é o relator de um inquérito contra Aécio sobre um esquema de corrupção na estatal Furnas Centrais Elétricas.
Teori defendeu que os dois casos são correlatos e, por isso, deveriam ser relatados pelo mesmo ministro, o que foi acatado por Lewandowski.
O novo relator do pedido precisará decidir, agora, se abrirá ou não um novo inquérito contra o tucano. O pedido de Janot tem como base a delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral (sem partidoMS), que acusou Aécio de manipular as informações do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro durante a CPI dos Correios quando era governador de Minas Gerais.
Delcídio presidiu a CPI dos Correios e afirmou ter “segurado a barra” para que não viesse à tona a movimentação financeira das empresas de Marcos Valério no Banco Rural que “atingiriam em cheio” integrantes do PSDB por causa do mensalão mineiro. O senador cassado disse que Aécio ficou incomodado com a quebra de sigilo do banco durante as investigações. O tucano teria então maquiado as contas da instituição para não se “comprometer” e aliados como Clésio Andrade (então vicegovernador de Minas).
Na época, Paes era secretário-geral do partido e teria sido escalado por Aécio para atuar, com Sampaio, para postergar a apresentação de informações pelo Banco Rural.
Procuradoria Segundo Janot, há elementos para pedir a abertura de inquérito no STF contra Dilma por suspeita de tentativa de obstrução da Operação Lava Jato.
Na semana passada, após assumir a relatoria do pedido de Janot contra Aécio sobre o caso de Furnas, o ministro decidiu instaurar um inquérito. Mas, em menos de 24 horas, voltou atrás e suspendeu o andamento das investigações até que o procurador-geral da República se explique sobre o pedido. Segundo Janot, Aécio teria recebido propina de empresas terceirizadas que prestavam serviço para Furnas.
Defesas. Em nota, a assessoria de imprensa de Aécio afirmou que “pesquisa oficial feita nos arquivos da CPMI dos Correios atesta que sequer houve o pedido mencionado pelo senador Delcídio Amaral”. Também em nota, Sampaio disse esperar “com tranquilidade o desfecho do caso”. Paes informou que está à disposição da Justiça para esclarecer os fatos.