O Estado de S. Paulo

Governo tem superávit de R$ 9,75 bi

Mesmo com o desempenho de abril, resultado no primeiro quadrimest­re foi negativo em R$ 8,54 bi, o 1º déficit primário para o período

- Eduardo Rodrigues Bernardo Caram Adriana Fernandes

O governo federal registrou em abril um superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 9,751 bilhões. Mas o saldo positivo não foi suficiente para reverter o resultado negativo do primeiro quadrimest­re: de janeiro a abril, os gastos federais superaram a arrecadaçã­o em R$ 8,540 bilhões, o primeiro déficit para o período desde 1997, início da série histórica do Tesouro Nacional.

O governo conseguiu na semana passada aprovar uma autorizaçã­o para fechar o ano com um déficit primário, em vez de superávit, de até R$ 170,5 bilhões, o que configurar­ia um rombo recorde. Mas a equipe econômica ainda vê um saldo positivo nessa contabilid­ade: não deixará uma fatura para ser paga no próximo ano.

“Naturalmen­te, as despesas aparentarã­o aumento em relação ao ano anterior, mas pela primeira vez em anos colocaremo­s as contas em dia, não deixando despesas de um ano para o outro. Vamos iniciar 2017 sem a pressão de despesas que deveriam ser pagas em anos anteriores”, disse o secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira.

Segundo ele, as receitas previstas pelo governo para o restante do ano – com uma curva de queda contínua – estão “razoavelme­nte” bem estimadas. O secretário disse esperar não ter mais surpresas com relação à arrecadaçã­o. Nas contas do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não está considerad­o nenhum reforço de caixa este ano pelo aumento ou criação de novos tributos, como a CPMF, que era desejada pela equipe anterior, do ex-ministro Nelson Barbosa.

Subsídios. Ainda que os gastos de custeio das ações do governo aumentem até o fim do ano, os pagamentos de subsídios, por exemplo, caíram 96,5% em abril deste ano, comparado com igual mês do ano passado. Os subsídios somaram apenas R$ 145,3 milhões, ante R$ 4,166 bilhões de abril de 2015. A principal razão é a mudança na forma de pagamento das subvenções referentes ao Programa de Sus- tentação do Investimen­to (PSI) e da dívida agrícola. Até o ano passado, o governo pagava os valores quando o caixa do Tesouro permitia.

“A partir de 2016, após decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de dezembro, o governo passou a pagar (esses valores) no momento que recebe a fatura. Não é que a despesa caiu, mas o pagamento de subsídios passa a ficar bastante concentrad­o em janeiro e julho”, disse Ladeira. O resultado de abril também foi influencia­do pela alteração na forma de pagamentos do programa Minha Casa Minha Vida, que passou a receber recursos direto do FGTS, e não mais do Tesouro.

Para o sócio diretor da 4E Consultori­a, Juan Jensen, o superávit primário de abril mostra que a nova equipe econômica pode ter superestim­ado o rombo para 2016. “Com uma meta negativa de R$ 170,5 bilhões, o governo terá espaço para fazer muitos gastos”, disse. A 4E Consultori­a trabalha, por enquanto, com um déficit de R$ 110 bilhões para o Governo Central neste ano.

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