Deputados do PT apoiam pedido de cassação de Cunha
Sem adesão dos líderes da oposição, parlamentares argumentam ao Conselho de Ética que presidente da Câmara mentiu à CPI
Os partidos PSOL e Rede Sustentabilidade protocolaram ontem um pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com o apoio de metade da bancada do PT e de apenas dois da oposição, os deputados argumentam que Cunha mentiu à CPI da Petrobrás ao negar que tenha contas no exterior e pedem a perda de seu mandato parlamentar.
Essa é a primeira representação em 2015 no colegiado contra um deputado investigado na Operação Lava Jato. Em agosto, Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobrás.
Embora líderes do PSDB, DEM, PSB, PPS e Solidariedade tenham assinado nota divulgada no sábado pedindo o afastamento de Cunha da presidência da Casa, nenhum deles referendou a representação ao Conselho de Ética.
Dos 62 deputados do PT na Câmara, 32 assinaram o documento em apoio à iniciativa do PSOL e da Rede. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse na noite de ontem que o partido vai aguardar a decisão do Conselho antes de se posicionar oficialmente sobre as denúncias contra Cunha.
“Ele ( Cunha) foi representado hoje ( ontem) no Conselho de Ética. O partido vai aguardar. O Conselho de Ética é que vai decidir”, disse Falcão antes de participar da abertura do 12.º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) ao lado da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica.
As liminares acatadas por ministros do Supremo Tribunal Federal interditando o início de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, entretanto, fizeram com que os petistas ignorassem os apelos dos líderes. “Estamos convencidos de que ele não está legitimado a permanecer à frente da Câmara”, argumentou a deputada Maria do Rosário (PT-RS), uma das apoiadoras do processo.
Endosso. No momento da entrega do pedido, 46 parlamentares de sete partidos assinaram o documento de apoio à instauração de processo por quebra de decoro. Ainda endossaram o documento três parlamentares do PSB e dois do PROS. Pela oposição, apenas o deputado Arnal- do Jordy (PPS-PA) e o peemedebista Jarbas Vasconcelos (PE).
O líder do PSOL Chico Alencar (RJ) rechaçou a possibilidade de uso da ação na negociação em torno de eventuais pedidos de impeachment contra a presidente. “Esse documento não será objeto de chantagem e barganha”, disse.
Na reunião, o discurso comum era de que Cunha não tem mais condições de exercer o man d a t o p a r l a ment a r .