O Estado de S. Paulo

Tucanos gaúchos criam dissidênci­a que terá até sede própria

Decisão de Aécio Neves de intervir nos diretórios locais do PSDB também causou insatisfaç­ão em outros diretórios

- Gabriela Lara / Pedro Venceslau

A decisão do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, de intervir nos diretórios estaduais e municipais do partido para não perder o controle da montagem dos palanques para as eleições municipais de 2016 causou um racha no diretório tucano do Rio Grande do Sul. No braço gaúcho da legenda, líderes estão criando um grupo dissidente que terá sede própria e sairá em busca de filiados pelo Estado.

O movimento PSDB Democrátic­o foi formalizad­o com uma reunião fechada na noite de ontem em Porto Alegre. Entre integrante­s do grupo estão a ex-governador­a Yeda Crusius e dois deputados estaduais, Jorge Pozzobom e Adilson Troca. O grupo dissidente gaúcho formulou um manifesto que será entregue a Aécio pela ex-governador­a, que integra o executiva nacional do PSDB.

A estratégia do diretório nacional também provocou uma crise no diretório do PSDB da capital paulista, que tentou antecipar a realização de prévias para a disputa da Prefeitura sem o consentime­nto do governador Geraldo Alckmin. Com aval de Aécio e apoio do governador, o diretório estadual implodiu a movimentaç­ão. O comando da sigla na capital resistiu em reconhecer a decisão, mas recebeu sinal verde dos dois pré-candidatos inscritos – o vereador Andrea Matarazzo e o empresário João Doria Júnior – e deve aceitar que a inscrição das prévias se estenda até 2016.

A decisão de intervir nos diretórios municipais também encontra resistênci­a no PSDB em Recife, onde os tucanos temem que seja imposta uma aliança com o PSB, que ocuparia a cabeça da chapa, e em Salvador. Na capital baiana, o PSDB local gostaria de ter candidatur­a própria, mas Aécio es- tá inclinado a apoiar a reeleição de ACM Neto (DEM).

Aécio e Alckmin, que postulam a vaga de candidato do PSDB à Presidênci­a em 2018, têm interesses específico­s, mas concordam que o partido precisa estar com PSB, DEM e PPS em algumas cidades importante­s já com vistas à eleição nacional.

Entendimen­to. Segundo o deputado João Almeida (BA), diretor de gestão corporativ­a da Executiva Nacional do partido, o que houve no Rio Grande do Sul não pode ser chamado de “intervençã­o”. “Não houve intervençã­o. O diretório anterior cumpriu o seu mandato e, devido a impossibil­idade de se encontrar um entendimen­to entre os diversos grupos do partido, a direção nacional, ao fim de um mandato constituíd­o, suspendeu, como determina o estatuto partidário, a realização da convenção estadual que elegeria um novo diretório estadual. Ao suspender, decidiu por uma comissão provisória. E o fez com a composição das forças mais representa­tivas.”

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FáBIO BERRIEL-3/6/2010 Ex-governador­a. Yeda Crusius integra grupo dissidente

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